Em 2011, a Deloitte prevê que mais de metade dos dispositivos
computacionais vendidos a nível global não serão PCs. A venda deste
formato deverá atingir as 400 milhões de unidades, um número suplantado
pelas vendas agregadas de smarthphones, tablets e netbooks. Apesar do PC
não desaparecer, o caminho futuro aponta para a diversidade a nível de
dispositivos, processadores e sistemas operativos, com alterações de
modelos de negócio e o surgimento de novas oportunidades relacionadas
com novos dispositivos, aplicações e periféricos. Prevê-se um maior
impacto desta alteração no contexto internacional do que ao nacional,
face ao baixo peso do sector tecnológico no país.
Os tablets ganham o estatuto de ferramenta indispensável para as
empresas. A justificar esta mudança estão quatro factores: o efeito de
contágio da utilização pessoal dos tablets para o ambiente profissional;
a existência de mercados como elevado potencial de utilização como o
retalho, a indústria e a área da saúde; o redirecionamento dos
investimentos dos fornecedores de software empresarial para o
desenvolver aplicações específicas para tablets; e o potencial da
tecnologia para o suporte à actividade comercial dos profissionais de
vendas
Ainda ao nível da tecnologia, Portugal acompanha a tendência
internacional de diversificação de plataformas, terminando o domínio de
um único sistema operativo no mercado de smartphones e tablets, durante
2011. Contudo, a luta pela liderança no mercado nacional está centrada
entre o sistema do iPhone e do Android, sendo que o último tem alguma
vantagem por estar disponível num maior número de dispositivos e por ser
muito mais acessível em termos de preço.
Nos media, a televisão mantém o domínio e deverá continuar a investir na
sua reinvenção enquanto media de comunicação. Esta é uma tendência que
se verifica tanto ao nível internacional como em Portugal. A Deloitte
prevê que a televisão vai consolidar o seu estatuto de super media, com o
aumento de audiência, devido ao crescente número de horas passadas em
frente ao televisor, e crescimento das receitas de publicidade,
subscrição, pay-per-view e licenças. A nível global, este fenómeno vai
gerar um crescimento da publicidade na televisão de 135 mil milhões em
2007 para 145 mil milhões de euros em 2011, o que contrasta com o
declínio nos jornais e revistas de 95 mil milhões para 70 mil milhões de
euros no mesmo período. Paralelamente, os programas de televisão vão
ser o tópico de conversa mais comum nas redes sociais, gerando mais de
um bilião de tweets, e tornando-se num verdadeiro canal influenciador
junto dos consumidores.
A contribuir para o domínio da televisão nos media está o baixo impacto
da proliferação dos DVR (aparelhos de gravação) nos lares em todo o
mundo, com implicações imateriais ao nível das receitas de publicidade
da televisão. A estratégia da televisão deve, então, passar pelo
desenvolvimento de formas de integrar estes novos equipamentos,
reinventando os espaços comerciais a nível do género dos anúncios,
duração e, principalmente, no preço publicitário. Este é um cenário que
também acontece em Portugal devido à baixa adesão ao DVR, à situação
económica desfavorável e ao hábito enraizado de ver televisão de forma
passiva.
Redes sociais vão ultrapassar a barreira dos mil milhões de utilizadores
No online, a Deloitte prevê que, em 2011, as redes sociais ultrapassem a
barreira dos mil milhões de utilizadores. Contudo, o investimento
publicitário neste tipo de veículos será muito pouco significativo,
menos de 1 por cento do investimento total. Para os novos media podem
surgir fontes de receitas mais aliciantes do que a publicidade tais como
sistemas de pagamento e e-commerce. As redes sociais vão continuar a
dividir opiniões: uns acreditam no seu enorme potencial e garantem o seu
sucesso, enquanto outros as vêem como a próxima bolha dotcom e
argumentam que a dimensão não serve de nada se não for monitorizada. Em
Portugal, o cenário é idêntico.
O mercado dos jogos vai continuar igualmente crescer devido ao aumento
da popularidade das redes sociais, dos smartphones e tablets, mas com
base em fontes de receitas mais diversificadas. Uma percentagem cada vez
maior de receitas virá de subscrições mensais, vendas de periféricos,
taxas de serviços ou conteúdos extra e de compras e publicidade in-game
nos mercados free-to-play (F2P) e Freemium. Portugal vai acompanhar esta
tendência numa escala menor, ao nível da sua dimensão.
A influência do online é igualmente sentida no campo da música com as
receitas referentes à distribuição de música digital a ultrapassem as
dos formatos físicos (CD). Este efeito deve-se não tanto ao aumento das
subscrições, downloads de música digital ou serviços de streaming, mas
sim ao acentuado declínio no mercado de venda de CD, situação que se
sente de igual forma no mercado português.
No que toca ao sector das telecomunicações, a Deloitte prevê que, em
2011, a implementação da próxima geração de redes móveis, Long Term
Evolution (LTE), irá ficar aquém das expectativas uma vez que as mais
recentes tecnologias de 3.ª geração, com o HSPA+ e os equipamentos que
as suportam, vão continuar a responder às actuais necessidades dos
consumidores. Paralelamente, o volume de dados transferidos, através de
dispositivos móveis via redes Wi-Fi, vai crescer entre 25 a 50 por
cento, face ao tráfego efectuado através de redes móveis (GSM/UMTS). A
grande fatia deste crescimento deve-se ao aumento da procura relacionada
com dados multimédia, onde o Wi-Fi irá ser a rede padrão. Esta é
claramente umas das oportunidades mais aplicáveis a Portugal numa
perspectiva de inovação e liderança no segmento de customer intelligence
a nível mundial.
A previsão de crescimento modesto da utilização da vídeo-chamada
aplica-se tanto a nível internacional a nível nacional.. As razões podem
ter a ver com o facto de uma vídeo-chamada ainda ser percebida como
excessiva face a um simples telefonema e demasiado impessoal para uma
conversa importante.
Nas 18 tendências apontadas pelo relatório TMT Predictions 2011 estão
ainda contempladas previsões como o valor da informação pessoal presente
nas redes sociais e novos media como uma peça essencial para a área do
marketing, o reforço do peso das energias renováveis com o regresso do
hidrogénio, o crescente sucesso dos espectáculos de música face ao
declínio das vendas das editoras e o E-Gov como o futuro sem burocracia.