A Cofina já merecia ter mais canais. Palavra de Octávio Ribeiro

A Cofina já merecia ter mais canais. Palavra de Octávio Ribeiro Seis anos separam as duas entrevistas de Octávio Ribeiro à Briefing. Na primeira, defendia que a Cofina merecia ter um canal de televisão. O que se concretizou com o sucesso traduzido em audiências crescentes que já lhe valeram a liderança entre os canais do cabo. Nesta segunda, reclama a capacidade de entregar canais segmentados melhores do que os da concorrência. À CMTV falta estar em 100% do mercado: quando isso acontecer, o diretor não tem dúvidas de que a liderança seria clara.

Briefing | Na entrevista que deu à Briefing em setembro de 2010 defendia que a Cofina devia ter um canal de televisão. O projeto não só se concretizou como em abril a CMTV foi o canal de informação líder no cabo e em maio foi mesmo o mais visto de entre os canais pagos. A que se deve este desempenho?

Octávio Ribeiro | Deve-se ao trabalho de uma grande equipa e, quando falo de uma grande equipa, falo principalmente da nossa equipa direta do Correio da Manhã e da CMTV, mas também de todos os setores envolvidos, da direção de marketing à direção comercial, passando pela direção de IT, e da administração. É da união destes setores em torno de um objetivo – que é fazermos uma televisão competitiva – que advém a nossa liderança. Alerto para uma coisa: nós dissemos que, até ao final do verão, contávamos estar a disputar a liderança. E em abril liderámos, mas eu não tenho e ninguém tem por adquirido que passámos a ser líderes, até porque a concorrência é muito forte, é muito respeitável e está instalada no mercado há muito mais anos do que nós. Por isso, é com toda a humildade que vamos continuar a lutar pela liderança, mês após mês.

Briefing | Essa liderança acontece num contexto em que a CMTV não está presente em 100% do cabo. Tem ainda mais significado?

OR | Se estivéssemos nos 100%, penso que a liderança seria clara e raramente perderíamos um dia para a concorrência. Se isto fosse uma prova de ciclismo, a nossa roda seria 85% da roda dos outros. Os nossos concorrentes têm rodas maiores, mas, com a capacidade que temos de nos sacrificar e reinventar, conseguimos com essa roda mais pequena ir a par dos outros e até ultrapassá-los.

Briefing | Estar na NOS foi decisivo para este desempenho?

OR | Foi decisivo obviamente. Passámos de 38 ou 39% do mercado para cerca de 85. Ainda temos um caminho a percorrer na NOS. Começámos a 14 de janeiro e há uma fase de maruração que está longe de ser atingida. Mas temos noção do histórico da nossa performance na MEO, pelo que na NOS talvez seja mais rápido, pois o canal foi ganhando notoriedade, mesmo para quem não o vê, através do buzz que se gera em torno da nossa capacidade de acompanhar os factos. Presumo que na NOS a CMTV tem ainda uma margem de crescimento por mera descoberta, no mínimo até final deste ano.

Briefing | Continua a faltar a Vodafone…

OR | Enquanto diretor do projeto é ir para a Vodafone e para a Cabovisão e finalmente estar em pé de igualmente com os concorrentes. A estratégia nessa área passa pelos acionistas, mas, na minha perspetiva, há aqui um problema de concorrência para os operadores que não têm CMTV. Se eu, mero cidadão, estivesse a mudar de casa não queria um operador que não me fornecesse a CMTV… Quem não vê a CMTV está menos bem informado e as pessoas têm noção disso. Só digo o que vejo. Analiso todos os dias a nossa performance noticiosa e a dos nossos concorrentes e, sendo complementares, a nossa é a mais completa e a melhor.

Briefing | “Melhor primeiro” é, precisamente, a vossa assinatura. É cada vez mais válida?

OR | Sim, é uma máxima que se vai eternizar na CMTV. Temos de procurar ser sempre melhores e chegar primeiro. É uma máxima fortíssima. Tal como o “Você está aqui”, que é menos orelhuda mas é importantíssima: nós queremos que todos os cidadãos portugueses se vejam representados e projetados no ecrã da CMTV.

Briefing | Essa procura da proximidade é distintiva?

OR | É. Proximidade, coragem e rigor são as grandes marcas deste canal. Temos o território português coberto com uma grande capacidade de intervenção rápida, em direto e com grande capacidade de deslocação de meios. Seja onde for que haja um acontecimento, tentaremos ser os primeiros a começar a dar e ao fim de algum tempo já não estará lá só uma equipa. Acorremos onde as coisas acontecerem e procuramos fazer isso em todos os lugares do mundo onde haja interesses portugueses.

Isso implica agilidade, um empenho completo de toda a gente, porque os acontecimentos não têm hora marca, não estão na agenda. Na CMTV procuramos que a agenda seja sempre o plano B.

Briefing | Voltando às audiências. O futebol é um trunfo importante das televisões. Como é na CMTV, tendo em conta que não tem direitos de transmissão de jogos?

OR | Sim, o futebol é uma arma em toda a Europa e em todo o mundo. É um fenómeno, um desporto de massas absolutamente exaltante. Uma metáfora da vida – as pessoas projetam as suas aspirações num clube, numa cor, numa seleção. A metáfora não é minha, é do filósofo francês Albert Camus. E por isso o futebol é um fenómeno a que nenhuma televisão de informação deve ser alheia. Não pode. Nós vamos tratando-o com as nossas armas, isto é, as do CM e as do Record.

Obviamente que quem tem direitos televisivos tem a vida facilitada, porque as pessoas habituam-se ao fluxo de um determinado canal. E a CMTV não tem. Não tem, por enquanto, mas a médio prazo há de chegar a nossa hora nesse campeonato. Mas no campeonato da informação desportiva não tenho nenhum problema em considerar que temos a melhor informação desportiva das televisões portuguesas. Se alguém quiser fazer o favor de analisar um mês noticioso nosso e dos nossos concorrentes, ou seja, as notícias no sentido de uma novidade relevante, nós ganhamos por goleada.

Esta entrevista pode ser lida na íntegra na edição impressa da Briefing. 

fs@briefing.pt

Terça-feira, 23 Agosto 2016 11:41


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