“A comunidade audiovisual deve considerar ser uma indústria exportadora”

“A comunidade audiovisual deve considerar ser uma indústria exportadora”

A parceria da ZON com o Programa UT Austin-Portugal resultou numa “experiência absolutamente inesquecível”, diz Nuno Cintra Torres, coordenador do projecto da Zon. Ao Briefing, o executivo refere que, no geral, falta um “entendimento de que é preciso formar clusters no âmbito da produção audiovisual” e que os cinestas portugueses devem produzir para o mundo.

Na sequência da conferência Evaluating the Zon UT Austin Experiment, Nuno Cintra Torres conta ao Briefing que esta parceria levou, em 2010 e 2011, 29 pessoas até Austin, no Texas, para terem uma experiência diferente e trazerem de volta ao nosso país algum valor acrescentado na área do audiovisual.

Indagado sobre o que está a faltar em Portugal para os nossos talentos conseguirem ter uma maior projecção, Nuno Cintra Torres avança que falta “muita coisa”. “Os filmes que os realizadores portugueses fazem vão para as salas de cinema e ninguém os vai ver às salas de cinema!”, acrescenta.

Para o profissional, os cineastas portugueses devem passar a fazer filmes para TV e séries pequenas de 6 episódios. “Um estudo da OCDE mostra que os investidores investem em pacotes de filmes e esse tipo de entendimento não há em Portugal”, refere Cintra Torres.

O consultor da Zon refere que “os realizadores portugueses recusam a televisão”, sendo que o paradigma deve mudar porque “com a digitalização, toda a cadeia de valor do cinema e do vídeo é digital e isto aproxima o cinema da TV e da Web”. “Hoje em dia é impossível pensar em cinema sem pensar em televisão. Os cineastas portugueses têm de fazer coisas de qualidade para TV”, adianta.

Outro pilar importante para Cintra Torres é a animação digital: “na Eslováquia mantiveram uma tradição na animação, não vejo porque é que em Portugal não se pode fazer o mesmo”. Acrescentando ainda que os documentários que não sejam de autor são outro dos caminhos para o futuro.

“A Comunidade Audiovisual deve considerar ser uma indústria exportadora. Produzir para o mundo – com a Web, acabaram-se as fronteiras”, avança o executivo referindo que “muitas vezes, as produções portuguesas são feitas para o mercado interno, quando devem ser feitas a pensar no externo”.

O futuro deste programa entre a Zon e o programa UT Austin-Portugal ainda é incerto, no entanto, Nuno Cintra Torres avança que vão tentar dar continuidade a este tipo de projectos mas sob outras formas. “Se fizéssemos uns novos laboratórios devia ser na área do guionismo para séries e mini-séries que, basicamente, não há em Portugal”, conclui.

Em 2010 e 2011, os programas da Zon estiveram relacionados com o guionismo e a animação digital, respectivamente.

FSB
Fonte: Briefing

Segunda-feira, 24 Outubro 2011 10:04


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