Briefing | Afirma que o seu propósito é levar felicidade à vida. Como? O que tem feito para alcançar essa meta?
Tal Ben-Shahar | Para a maioria dos seres humanos, hoje e no passado, a felicidade é o fim mais elevado, o maior objetivo. Mas o meu propósito é espalhar a felicidade no mundo através da educação, incentivando a investigação académica e tornando-a acessível, de modo a que as pessoas possam aplica-la nas suas vidas.
Nesse contexto, devem as marcas perseguir igualmente a felicidade?
A felicidade pode impulsionar a criatividade e a produtividade nas empresas. A maior parte das pessoas acredita que o sucesso conduz à felicidade – mas estão erradas. O modelo mental dessas pessoas é – sucesso é a causa e felicidade o efeito. Sabemos, a partir da investigação que tem sido desenvolvida, que o sucesso, quanto muito, conduz a um pico nos níveis de felicidade individual, mas esse pico é temporário, efémero. Se o sucesso não leva ao bem-estar, já o contrário acontece: isto é, quando o sucesso é o efeito e a felicidade é a causa. Esta é uma descoberta muito importante, que vira do avesso a relação causa-efeito e corrige a perceção que muitas pessoas têm. A razão para isso é que, quando sentimos emoções agradáveis, somos mais criativos, mais motivados, formamos melhores relações e somos fisicamente mais saudáveis. As organizações deviam investir na felicidade dos seus colaboradores como um fim em si mesmo, mas também como um meio na direção de maiores lucros. Com uma maior produtividade e criatividade, todos os aspetos do negócio beneficiam. A felicidade compensa!
O que define, na sua opinião, uma liderança inspiracional?
Uma liderança inspiracional tem a ver com liderar pelo exemplo, obter o melhor de si próprio e dos outros. Isto, claro, aplica-se tanto aos negócios como à política.
Que mensagem traz a Lisboa?
Os líderes podem implementar determinadas práticas nas suas vidas e alcançar elevados níveis de desempenho e de bem-estar, para si próprios e para os seus funcionários. Podem tornar-se o que designo como os líderes 10X.
Eis as suas cinco características principais: força, saúde, absorção, relações e propósito. A força porque focando-se nos seus pontos mais fortes consegue-se muito melhor desempenho e uma satisfação profissional maior do que focando-se nas fraquezas. Isto não significa que se deva ignorar as fraquezas, que, muitas vezes, precisam de ser ultrapassadas. Mas, para alcançarmos o nosso potencial, o melhor que temos a fazer é gastar mais tempo nas nossas forças.
Em segundo lugar, o foco na saúde física – na nutrição, no exercício e em repousar o suficiente – é crítico para alcançar o máximo desempenho e a máxima experiência.
Quanto à absorção, tem a ver com esta era da distração em que vivemos: o preço que os indivíduos e as organizações pagam por este estado das coisas é elevado. Estar presente, comprometido com o que estamos a fazer, muitas vezes, dita a diferença entre o melhor e o resto.
Agora as relações: enquanto, historicamente, os relacionamentos no lugar de trabalho dependiam largamente do poder e da influência, hoje as organizações que lideram promovem relações assentes na positividade e na autenticidade.
Finalmente, o propósito: encontrar um objetivo nas experiências do quotidiano é importante para um desempenho sustentado. Sem propósito, um indivíduo e uma organização fica sem vapor, sem força. O propósito é o combustível que impulsiona o desempenho.