Briefing | O que levou à escolha de Paula Rego para mais uma edição de “A Arte chegou ao Colombo”?
Margarida Mendonça | As razões foram várias, porque Paula Rego é, sem dúvida, um talento inquestionável em termos de valor, quer pela riqueza emocional e artística que é refletida em todo o seu trabalho, quer pela notoriedade e criatividade que caracteriza a sua obra. É das artistas portuguesas contemporâneas mais reconhecidas a nível mundial e que, aos 82 anos de idade, mantém uma criatividade artística inigualável – atualmente, a Paula Rego faz parte do top 20 dos artistas mundiais que ainda se encontram no ativo. A sua obra reflete temas que são universais e comuns a todo o ser humano como, por exemplo, as relações humanas, a condição da mulher, a representação do corpo, o desejo, a libertação de fantasias e medos, com a grande particularidade de a artista ter, como fonte de inspiração, uma amplitude muito grande de referências desde textos literários, contos infantis, situações do seu quotidiano, memórias e até o seu imaginário pessoal.
Tendo iniciado este projeto cultural com artistas nacionais, o Centro Colombo decidiu, em 2017, apostar num nome nacional conhecido do grande público, trazendo assim – e pela primeira vez – o trabalho da artista Paula Rego a um espaço que é acessível a todos.
Briefing | Quais os objetivos que pretende alcançar com esta exposição?
MM | Esperamos ter, à semelhança dos anos anteriores, um impacto muito positivo junto dos nossos clientes, ao proporcionarmos uma experiência inovadora e inspiradora, aquando da sua visita ao Centro Colombo. Todos os anos, e no âmbito do projeto “A Arte Chegou ao Colombo”, temos trazido propostas culturais novas e diferenciadoras, de elevada qualidade e com as quais pretendemos melhorar a experiência de visita ao centro. A exposição que assinala, este ano, a 7.ª edição desta iniciativa – “O Mundo Fantástico de Paula Rego” – reflete essa nossa prioridade e pioneirismo em democratizar a arte com propostas inovadoras, pois estamos a falar de uma das artistas portuguesas contemporâneas mais conhecidas a nível mundial que irá expor os seus trabalhos, pela primeira vez, num espaço comercial que é acessível a todos e onde todos poderão ver as suas obras, gratuitamente.
Podemos desde já adiantar que é uma exposição dedicada às “Estórias” e “Contos” de Paula Rego que marcaram a sua vida e o seu percurso artístico. É uma exposição que está, pela primeira vez, patente ao público num ambiente fora do registo normal de galeria ou museu, mas que irá surpreender todos os visitantes pela riqueza do seu conteúdo e pela forma como irá estar presente na Praça Central do Centro Colombo. Esta exposição foi desenvolvida em parceria com a Casa das Histórias Paula Rego, Fundação D. Luís I e Câmara Municipal de Cascais. Inaugurada dia 27 de junho, estará patente ao público até 27 de setembro.
Briefing | De que modo é que esta ação atrai público? E em que medida pode contribuir para o aumento das vendas dos lojistas?
MM | A arte e as atividades culturais são, cada vez mais, valorizadas por parte dos nossos visitantes, sobretudo pela qualidade, inovação e acessibilidade gratuita que proporcionamos. Neste sentido, “A Arte Chegou ao Colombo” é um projeto que traz ao Centro Colombo um valor acrescentando inqualificável, com resultados muito positivos, desde o seu ponto de partida, em 2011. Note-se que o Centro Colombo recebe 25 milhões de visitantes, por ano, e é um dos centros comerciais do país com maior número de visitas. Ficaremos muito satisfeitos se conseguirmos impactar, ano após ano, os nossos visitantes com as propostas culturais que elegemos para alimentar este projeto de arte e fazer com que os mesmos se identifiquem e se revejam no centro. Com isto, estamos certos que o nosso negócio será valorizado e a experiência de visita mais enriquecida e completa. Queremos que os nossos visitantes se sintam únicos e especiais, que vejam no centro um espaço que faz parte da sua vida e dos seus momentos de lazer.
Briefing | Qual o balanço das edições já realizadas?
MM | Há sete anos que prosseguimos com o compromisso assumido, aquando do lançamento do projeto, em 2011, e que visa contribuir para a divulgação e promoção das diferentes manifestações artísticas, como o próprio nome indica – “A Arte Chegou ao Colombo”. O balanço tem sido muito positivo, ao longo dos vários anos em que temos vindo a desenvolver este projeto, quer por parte dos visitantes e dos lojistas. Esta iniciativa contou, no primeiro ano de arranque, com uma parceria com o Museu Coleção Berardo que nos permitiu trazer ao Centro Colombo trabalhos muito interessantes de quatro artistas nacionais – Joana Vasconcelos, Miguel Palma, Susana Anágua e Isaque Pinheiro. Seguiram-se depois outras ofertas culturais, igualmente relevantes, e das quais fazem parte a Exposição do MNAA – Museu Nacional de Arte Antiga (2012), a Exposição “Andy Warhol – Icons” (2013), a instalação interativa “The Pool” da artista norte-americana Jen Lewin (2014) e a Exposição “A Divina Comédia de Salvador Dalí” (2015). No ano passado (2016), a iniciativa recebeu uma Exposição de Fotografia – Terry O’Neill: “Faces of the Stars”. Em algumas destas iniciativas, os valores em termos de visitas foram muito significativos e superiores a alguns dos principais museus nacionais: são exemplos a Exposição de Fotografia – Terry O’Neill: “Faces of the Stars”, com mais de 185 mil visitas, e também, a exposição “A Divina Comédia de Salvador Dalí” com mais de 180 mil visitas registadas durante o seu período de vigência. Prevemos dar continuidade a este projeto, a médio prazo, com novos parceiros e com novas experiências que continuem a surpreender os nossos visitantes, pela sua riqueza e originalidade artística.
Briefing | Como é que a relação com a arte pode ajudar na construção da imagem e da marca do Centro Colombo?
MM | Este projeto é um ponto de partida para a reflexão sobre o que é hoje a arte e a importância da sua acessibilidade. Neste sentido, “A Arte Chegou ao Colombo” pretende contribuir para a divulgação e promoção de atividades culturais, assim como aproximar os visitantes do Centro Colombo às diversas manifestações artísticas que temos trazido ao longo dos sete anos de vigência do projeto, promovendo a sua participação e interação natural com obras de arte únicas. Por norma, a arte fica confinada aos museus, galerias e teatros, mas com este projeto pretendemos alargar esta acessibilidade e proporcionar, a todos aqueles que nos visitam, a possibilidade de ter contacto com obras artísticas que são referência, tanto a nível nacional como mundial, de forma gratuita. O projeto “A Arte Chegou ao Colombo” surge como forma de reforçar o posicionamento natural do Centro Colombo: é um centro que tem “tudo o que eu possa imaginar” (é este o claim que o define), é uma referência em termos de diversidade de oferta na capital e em todo o país e garante, acima de tudo, uma experiência de visita única que permite até o contato com as mais variadas formas de arte.
Briefing | Em que medida é que esta iniciativa integra a missão de politica social do Centro?
MM | “A Arte Chegou ao Colombo” insere-se nos objetivos da política de arte pública da Sonae Sierra. Recorde-se que ao subscrever esta política, a Sonae Sierra propõe-se a fomentar a criação artística e respetiva apresentação às comunidades locais, reconhecendo que as mostras de arte induzem efeitos positivos em quem as contempla e usufrui da sua presença. “A Arte Chegou ao Colombo” é um projeto que traz a arte ao encontro do público, enriquecendo a experiência de visita ao Centro Colombo, alinhando-se assim nos objetivos da política de arte pública da Sonae Sierra e, também, com a nossa missão em termos de política social de democratização da arte.
Briefing | Considera que é responsabilidade de uma entidade privada contribuir para a democratização do acesso à cultura?
MM | Uma entidade privada pode e deve contribuir para a democratização da arte e da cultura e para a acessibilidade das mesmas. Não podemos classificar que seja uma responsabilidade exclusiva do setor privado, mas sim uma parceria em termos de responsabilidades no que toca ao apoio da arte e da cultura e à promoção e divulgação da atividade artística no nosso país. “A Arte chegou ao Colombo” tem vindo, ao longo dos seus sete anos de vigência, a trabalhar neste sentido e em parceria com várias entidades culturais, sendo um sinal positivo de que as coisas estão a mudar.