Assumindo-se como “o maior grupo de materiais de construção 100% português, com vendas de mais de 500 milhões de euros em 2019 e que mantém todo o capital nacional e centros de decisão no país”, a SECIL inclui também no seu capital de portugalidade as fábricas de cimento Outão, da Maceira-Liz e de Cibra-Pataias, bem como a fábrica de Cal da Maceira, com quase 130 anos. A internacionalização chegou em 2000, mas, de acordo com o administrador, sem prejuízo de continuar a contribuir “ativamente” para a economia do país, “oferecendo emprego qualificado, capacitando os seus recursos humanos, contratando bens e serviços locais e contribuindo fiscalmente de forma relevante”.
Manuel de Sousa Martins reconhece que o atributo da portugalidade “está sempre presente na mente dos consumidores, embora nem sempre valorizado como fator decisor de escolha de marca”. Nota, porém, que, na situação atual, de incerteza económica face à pandemia de Covid-19, “o sentimento de união e a defesa do que é nacional tem ganho uma maior dimensão”, pelo que o fator de compra do produto 100% português começa a ganhar mais força junto do público. “Há que incentivar a ideia de que consumir produtos portugueses é criar emprego em Portugal e contribuir para uma comunidade nacional mais sólida e próspera”, preconiza. Na ótica da empresa, é, aliás, “essencial” criar uma dinâmica à volta do tema de apoio à produção nacional, de forma a inverter o mais rápido possível a tendência negativa da economia. Sem perder de vista que, ao nível da sustentabilidade, a produção e o consumo locais são uma prática “fortemente incentivada”.
“A ideia do ‘Made in Portugal’, de consumo e valorização dos produtos nacionais, tem de ser, cada vez mais, uma aposta para combater a recessão económica que virá no pós-Covid-19. Deste modo, não só estaremos a estimular a economia nacional, aumentando a competitividade das empresas nacionais, como a fomentar a exportação dos nossos produtos com o rótulo de qualidade portuguesa, tantas vezes enunciada e tão pouco aproveitada”, enfatiza.
Considera, inclusivamente, que “deveria existir um movimento de comunicação transversal, a nível nacional, unindo todos as marcas e empresas nacionais na promoção do consumo do que é português”. “Deste modo, a mensagem da importância desta escolha de consumo ganharia uma dimensão muito maior do que os esforços isolados das diferentes marcas”, sustenta, argumentando que “existem vários grupos empresariais 100% portugueses que poderiam encabeçar esta iniciativa e sensibilizar os decisores das escolhas das marcas a tomar uma escolha consciente e em prol do futuro da economia nacional”.
No que toca à SECIL, faz notar que atua em diversas áreas de negócio no setor da construção, que vão desde o cimento, aos agregados, passando pelo betão, argamassas e prefabricados, e que, em todas elas, existem grupos empresariais não portugueses a concorrer diretamente com o negócio das marcas SECIL. Ora, “de cada vez que a escolha de compra recai numa empresa não portuguesa, a economia nacional acaba por, direta ou indiretamente, perder valor. “O VAB [Valor Acrescentado Bruto] criado na nossa cadeia de valor é elevado e, sendo nós escolhidos pelos consumidores, esse valor é retido em Portugal”, salienta.
E a resposta dos consumidores? Manuel de Sousa Martins acredita que, em cenários de crise, estão crescentemente sensibilizados para esta questão, preocupados com a sustentabilidade da economia nacional.