Esta é a segunda vaga de ‘fuga’ de
depósitos no BPN desde que foi nacionalizado em novembro de 2008, depois
de ter passado de um total de depósitos de clientes de 4,5 mil milhões
de euros em 2008 para os atuais 3 mil milhões de euros. No passado,
segundo a mesma fonte, grande parte destes depósitos foram
‘transferidos’ para a Caixa Geral de Depósitos (CGD), sendo que
atualmente, em termos de tabela de remuneração de depósitos, o BPN está a
oferecer mais 0,25 por cento do que o banco estatal.
O BPN tem
sido o palco da campanha para as eleições presidenciais depois de Cavaco
Silva ter afirmado na semana passada que os gestores da Caixa Geral de
Depósitos (CGD) faziam uma “gestão em part-time” no BPN, o que “não é
muito habitual”. Os seus opositores, por sua vez, estão a exigir que o
atual Presidente da República esclareça a operação de compra e venda de
ações do BPN.
A polémica em torno do BPN ganhou novo fôlego
quando, no final de dezembro, a administração do banco pediu ao
Ministério das Finanças para fazer um aumento de capital no montante
máximo de até 500 milhões de euros, sobre o qual o Governo ainda não
tomou qualquer decisão.
Na quarta-feira foi aprovado no Parlamento
a audição do presidente executivo do BPN, Francisco Bandeira, que
estava previsto deslocar-se na sexta-feira à Assembleia da República mas
foi adiada por solicitação do próprio, que alegou compromissos
profissionais já agendados para o dia 7 nos Açores.
Para além
disso, a comissão de Orçamento e Finanças aprovou as audições ao
ministro das Finanças, Teixeira dos Santos e ao governador do Banco de
Portugal Carlos Costa.
O BPN, gerido pela CGD desde que o banco
foi nacionalizado, em novembro de 2008, registou nos primeiros nove
meses do um resultado líquido negativo de 42,2 milhões de euros, face ao
prejuízo de 87 milhões de euros obtido em igual período de 2009,
segundo dados da própria instituição.
Na altura, o BPN anunciou
também que a margem financeira atingiu os 59,3 milhões de euros entre
janeiro e setembro, uma subida de 12,5 por cento em termos homólogos,
ainda que o produto da atividade tenha recuado ligeiros 0,9 por cento
para 135,4 milhões de euros.
Os custos operacionais mantêm a
tendência dos trimestres anteriores, recuando 15,1 por cento no final do
terceiro trimestre, uma redução de 25,4 milhões de euros face a
setembro do ano passado.
Segundo o BPN, o ativo líquido “tem
registado uma especial resiliência dado o contexto em que a instituição
opera”, situando-se nos 7.345,8 milhões de euros, uma ligeira quebra de
2,2 por cento face ao final do ano passado e de 7,9 por cento quando
comparado com setembro de 2009.
O crédito a clientes (bruto)
desceu ligeiros 0,2 por cento em termos homólogos, para 7,064 mil
milhões de euros, ao passo que os recursos captados a clientes baixaram
19,2 por cento para 3,03 mil milhões de euros.
AJG/DN
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Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/fim