Cannes mudou para melhor. Diz o Tomás

Cannes Lions é uma lotaria, pelo que é melhor ter muitos bilhetes para haver mais hipóteses. Quem o diz é o sócio fundador da Partners Tomás Froes, que, em entrevista feita antes de ser conhecida a shortlist da categoria que avalia – Direct – acreditava que era possível chegar aos prémios. Ainda que não se tenham concretizado, acolhe com entusiasmo as mudanças ocorridas nesta edição e entende que o festival mudou para melhor, fruto de ter entendido que se tinha tornado menos inovador, um pouco complacente e mais virado para dentro.

Briefing | O que espera da edição deste ano de Cannes Lions?

Tomás Froes | Espero que seja, uma vez mais, um barómetro da criatividade, das ideias, das tendências, daquilo que o sector das agências e das marcas deve procurar ser nos próximos meses.

– As mudanças anunciadas são boas notícias?

São muito boas notícias! O festival Cannes Lions, aclamado pela maioria da indústria como sendo o principal festival de criatividade no mundo, vinha num crescendo ao longo dos anos que era basicamente inquestionado. Mas talvez a notoriedade e relevância do festival levou a que o mesmo se tornasse um pouco complacente. Menos inovador e mais virado para dentro, acabou por resultar numa estrutura pesada que se tornava cada vez mais onerosa para as agências e participantes. E subitamente o mais importante festival do setor estava se cada vez mais a afastar da indústria publicitária tradicional e a tornar mais próximo das “novas” marcas como o Facebook, o Google, Spotify… Acho que isso foi percebido com as mudanças introduzidas, e a nova proposta de valor do festival mudou para melhor. Na minha opinião a edição de 2018 será já bastante diferente a vários níveis. Primeiro a redução de dias, o que torna também mais acessível os preços. Depois em termos de prémios muita mudança e para melhor; novas regras que limitam o número de inscrições de um único projeto, um novo sistema de pontuação (dá mais ênfase a quem ganha um Leão vs Shortlist), e um novo alinhamento (prémios e programação) que organizam de forma mais clara todo o festival.

– Os portugueses têm condições para fazer boa figura?

Espero que sim, embora seja uma pergunta para a qual não tenho resposta, mas apenas uma expectativa e uma esperança! Cannes é Cannes. Às vezes dizemos que Cannes é uma lotaria, por isso é melhor ter muitos bilhetes (trabalhos) para termos mais hipóteses de ganhar a lotaria. E este ano tenho visto muito bom trabalho de agências portuguesas por isso reforço, a expectativa é boa.

– Quais as expectativas para a categoria que avalia? Quem está bem posicionado para vencer?

Já avaliei todos os casos e há muito, muito bom trabalho, inclusive trabalho português e/ou com participação portuguesa. É uma categoria onde é preciso analisar não só a ideia mas o resultado/impacto direto dessa criatividade. E as boas ideias com grande impacto são os casos mais bem posicionados. Não quero adiantar, nem especular, mas há trabalhos de Portugal e com intervenção de portugueses que podem ganhar prémio nesta categoria.

– O melhor da criatividade mundial está de facto em Cannes?

Sim, Cannes é a montra da criatividade mundial, deve ser a montra da criatividade mundial, tem de ser a montra da criatividade mundial.

sd@briefing.pt

 

Quarta-feira, 20 Junho 2018 11:15


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