Como conquistar hóspedes na Região Centro? Com vinho, comida e natureza

Fica em Torres Vedras, longe do frenesim das cidades e dos principais pontos turísticos do país. Ainda assim, e segundo o diretor de Marketing, Vítor Eira, o Hotel Dolce CampoReal Lisboa “tem vindo a crescer consecutivamente”. Tem nos patrimónios vinícola, gastronómico e natural os seus principais trunfos.

 

Briefing | O Dolce CampoReal Lisboa é mais do que um hotel, é um complexo. Em que consiste exatamente?

Vítor Eira | O Dolce CampoReal Lisboa é um resort, na medida em que as suas infraestruturas não se esgotam no espaço do hotel. Em termos de alojamento, temos 151 quartos e suites e ainda cerca de 40 apartamentos, moradias e ‘townhouses’ com tipologias que variam de T2 até T4, o que perfaz um total de aproximadamente 190 unidades de alojamento. A opção de alojamento no exterior do hotel é cada vez mais procurada, principalmente porque os hóspedes têm acesso às mesmas infraestruturas do hotel, com a mais-valia de poderem usufruir em pleno da nossa envolvente rural e da paisagem protegida que nos rodeia.

Um hotel numa zona rural e não turística é mais desafiante? Exige maior criatividade?

Estamos inseridos numa zona com imenso potencial e isso estimula a criatividade. Em conjunto com as entidades regionais, como a Câmara Municipal de Torres Vedras e o Turismo do Centro, temos vindo a delinear uma estratégia para divulgar o que de atrativo existe nesta região. O facto de estarmos dentro da região vitivinícola de Lisboa, aliado ao património gastronómico local, tem trazido alguns frutos, que culminaram este ano com a eleição de Torres Vedras e Alenquer como Cidade Europeia do Vinho. Em termos históricos e patrimoniais, temos as Fortificações das Linhas de Torres, que remontam às invasões francesas. Mas na minha opinião, a grande mais-valia desta região está no seu património natural, nomeadamente a área protegida das serras do Socorro e Archeira. Como principal hotel da região, assumimos o nosso papel na cadeia de valor, promovendo todas estas mais-valias junto dos nossos hóspedes.

Qual tem sido a vossa estratégia no mercado?

Nos primeiros dois anos após a abertura do hotel, a estratégia foi dar a conhecer a Dolce Hotels & Resorts, marca relativamente desconhecida em Portugal, e de acordo com a estratégia da nossa companhia, posicionarmo-nos como hotel para eventos e reuniões. Diferenciamo-nos da concorrência por sermos um hotel 5 estrelas, a apenas 30 minutos de Lisboa e próximo de outros destinos turísticos como Sintra, Óbidos, Ericeira, Nazaré, Peniche, entre outros. Estamos na Região Centro e ao mesmo tempo tão perto de Lisboa, o que é ideal para quem visita o nosso país, a lazer ou a negócios, e quer deslocar-se entre vários pontos de interesse. Esta região tem um potencial enorme em termos de actividades de lazer e ‘teambuilding’. Não existem muitas propriedades com estas características a apenas 30 minutos do aeroporto.

A estratégia é definida localmente ou globalmente?

Um pouco de ambos. O ‘know- how’ de uma cadeia internacional, com tudo o que isso implica em termos de força de vendas e estratégia de vendas e marketing, foi muito importante quando em 2013 assumimos a gestão do CampoReal. No entanto, tivemos que fazer uma adaptação à realidade da região. As realidades vividas em Bruxelas, Paris ou até nos Estados Unidos são muito diferentes da nossa, mas a própria marca tem essa noção e permite alguma flexibilidade nesse sentido. Por outro lado, temos um mix de segmentos, mais diversificado que algumas propriedades da Dolce Hotels & Resorts, que trabalham mais o segmento MICE. Neste momento, temos um mix harmonioso entre clientes individuais, grupos e mercado corporate, que conjugamos ainda com o segmento golfe.

As restantes unidades do grupo seguem os mesmos moldes, quer em termos de localização, quer quanto aos serviços e atividades?
A Dolce Hotels & Resort é uma cadeia de hotéis localizados a 30/40 minutos das grandes capitais europeias e especializada em eventos e reuniões. Conhecida no mercado internacional como ‘expert’ neste segmento, em todas as propriedades o hóspede vai encontrar os mesmo ‘standars’  de serviços e infraestruturas de apoio: mobiliário ergonómico, sistema audiovisual de topo, internet de alta velocidade, uma equipa especializada e um sistema de ‘coffee break’ permanente. Este último aspeto foi uma grande novidade em Portugal, aquando da abertura do Dolce CampoReal, e bastante elogiado pelos nossos hóspedes e clientes. Durante toda a reunião ou evento, os participantes têm disponível um espaço com um buffet de comidas e bebidas, pensada especialmente para potenciar a concentração e produtividade.

Além de estadia e golf, que outros serviços oferecem?

Além das valências do hotel, que contemplam duas piscinas exteriores, piscina interior aquecida, ginásio disponível 24 horas por dia e spa, temos espaços exteriores de caráter desportivo e lúdico, como sendo o campo de golfe de 18 buracos com ‘driving range’, campo de futebol salão e dois ‘court’ de ténis. De junho a setembro, está aberto o Dolce Clube Aventura, um espaço dedicado à animação e atividades outdoor, no qual está também inserido o nosso kids club – o Welly Kids Park.  Ao nível da restauração, temos três restaurantes e dois bares com principal destaque para o nosso restaurante ‘fine dinning’ Grande Escolha.
Por último, não podia deixar de destacar o Mandalay Spa, um projecto lançando em 2017 em parceria com a Top Spa e que está a ser um sucesso. Todos estes serviços estão acessíveis para clientes não hóspedes que nos queiram visitar e ficar a conhecer o nosso resort.

Têm diversas salas de reunião e congressos. Esta é uma área relevante para o hotel? Que peso tem?

Seguindo a linha da nossa cadeia hoteleira, o segmento MICE representa 60% das nossas vendas de alojamento. Temos 23 salas de reunião, com uma capacidade total até 500 pessoas e conseguimos, assim, receber eventos de todos os formatos e dimensões. Normalmente, estes eventos implicam sempre alojamento; dispomos do “Pacote Completo de Reunião”, uma opção criada pela Dolce Hotels & Resorts para facilitar a contratação de evento em que o cliente tem tudo incluído numa só rubrica.

E as restantes áreas de negócio, que percentagem representam na faturação?

A receita de alojamento, proveniente de clientes de grupo, individuais ou golfistas, representa cerca de 43% da nossa facturação, a par com a receita proveniente de comidas e bebidas que tem uma proporção quase equivalente. Todos os eventos ou reuniões que acontecem no hotel têm normalmente agregado algum serviço de comidas e bebidas. Por outro lado, a nossa taxa de captação de clientes a lazer para os nossos restaurantes é também muito boa, pelo que podemos dizer que uma receita deriva da outra.

Como tem evoluído o negócio nos últimos anos?

Temos vindo a crescer consecutivamente, todos os anos, desde a reabertura do hotel. A partir de 2015, a oferta de alojamento foi alargada de 150 para 190 alojamentos, através do aumento de maior quantidade de villas que passaram a ser exploradas diretamente pelo resort, aspeto que tem impacto direto no cálculo da taxa de ocupação. Em 2017, registámos novamente um crescimento de taxa de ocupação face ao ano anterior – 4,4% – e um aumento do preço médio em cerca de 7%.

Fizeram uma grande aposta também na restauração. Acreditam que pode ser um elemento diferenciador?

Inseridos numa região com um potencial gastronómico tão grande, seria insensato não o fazer. O Dolce CampoReal Lisboa tem três opções de restaurante de forma a conjugarmos todos os eventos que acolhemos com os hóspedes que nos visitam a lazer. O restaurante Manjapão é uma opção mais virada para grupos e, como tal, mais virado para o conceito de buffet que procuramos seja inovador e que tenha uma ligação à região, mas ao mesmo tempo que permita um leque de opções variado. O restaurante Garden Terrace, aberto todos os dias das 8h às 18h, é o espaço que oferece uma carta mais diversificada e virada para a partilha com várias opções de tapas, mas também pratos do dia e peixe fresco. Por fim, o restaurante Grande Escolha, nomeado para o Restaurant Luxury Awards 2018, é a nossa opção ‘fine dinning’ e onde o chef Rui Fernandes coloca toda a sua inspiração na elaboração da ementa, onde não podem faltar as referências de produtos locais.

O “Trails of Discovery” é o vosso mais recente projeto. De que se trata e o que o motivou?

O “Trails of Discovery” é um projeto global, de todos os hotéis Dolce na Europa, e que tem por base a criação de uma atividade que pretende ajudar grupos das mais variadas dimensões a explorar os espaços e lugares que rodeiam os hotéis. No caso do Dolce CampoReal quisemos delinear um percurso que estivesse em linha com a vocação desportiva da nossa propriedade e que levasse os nossos grupos de hóspedes a conhecer um pouco mais da região de Torres Vedras. Para isso, fizemos uma parceria com a Vanessa Martins e inspiramo-nos na sua rotina de exercício físico e no seu gosto pelas viagens e pela descoberta. No “Trails of Discovery by Vanessa Martins”, os grupos experimentam o golfe, caminhadas, percursos de btt, passeios de jeep, ao mesmo tempo que aprendem mais sobre a história da região.

Escolheram a Vanessa Martins para embaixadora. Era importante que fosse um influenciador digital?

Desde o início do projeto que queríamos ter um influenciador digital a apadrinha-lo. A Dolce Hotels & Resorts está consciente do peso que estes ‘trendsetter’ têm na comunicação dos nossos dias, principalmente para quem, como nós, se quer afirmar como uma marca inovadora e inspiracional. Escolhemos a Vanessa Martins porque trabalha as diversas plataformas digitais e porque personifica a abordagem que pretendíamos para o nosso “Trails of Discovery”. É alguém que gosta de viajar, aprecia o contacto com a natureza e pratica regularmente exercício físico, incluindo golfe.

Podemos esperar novos projetos para breve?

2017 foi um ano de muitos projetos novos. Conseguimos a certificação Chave Verde – Green Key, consolidando a nossa posição como hotel com boas práticas ambientais; Fomos alvo de um rebranding, que troxe uma visão mais moderna e inspiracional à nossa marca; Inaugurámos o Dolce Clube Aventura, o nosso centro de atividades e animação; E abrimos um novo e exclusivo espaço de wellness e bem-estar – o Mandalay Spa, vencedor do prémio de “Melhor Abertura de Spa do Sul da Europa” nos World Luxury Awards. 2018 prevemos que seja um ano de consolidação, quer em termos de imagem, quer em termos de crescimento sustentado do negócio.

Quais os vossos objetivos para 2018?

Em 2018 queremos consolidar a estratégia que temos vindo a implementar e que nos tem trazido resultados tão positivos. Continuaremos a apostar no segmento MICE, oferecendo as melhores infraestruturas para eventos e reuniões e produtos diversificados como é o caso do “Trails of Discovery”, produtos esses que têm uma aceitação muito positiva por parte dos nossos clientes internacionais. Os nossos mercados principais são o Reino Unido e os Estados Unidos, mas queremos trabalhar outros mercados e para tal procuramos participar em diferentes ações que nos permitam dar a conhecer as mais-valias do hotel e da região.

O golfe é outro dos segmentos que continuaremos a desenvolver, com enfoque para o mercado nórdico e trabalhando em conjunto com outros campos da região, para podermos fazer uma oferta de maior valor. Ao nível do lazer, continuaremos a construir uma oferta diferenciadora que ajude a promover o hotel, mas também a Região Oeste enquanto destino turístico a nível nacional e internacional. Em conjunto com empresas e produtores locais, procuramos parcerias que sejam benéficas para todos e que acrescentem valor. E esta é também uma das nossas linhas condutoras, o trabalho conjunto com a comunidade local.

av@briefing.pt

Terça-feira, 27 Fevereiro 2018 12:13


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