Briefing | Que balanço faz destes 15 anos da Huawei em Portugal?
Diogo Madeira da Silva | Cheguei à Huawei Portugal há pouco mais de um ano e tenho vindo a descobrir a história da empresa (30 anos de existência, dos quais 20 na Europa e 15 em Portugal). Tive a sorte de encontrar vários colegas que estão na organização há muito tempo, alguns desde o início da sua atividade no país, quando era apenas um pequeno escritório, e que nos inspiram com as suas histórias e a sua experiência. Foram 15 anos sempre a crescer e, mesmo hoje, estamos a expandir o escritório de Lisboa. Esta é uma história de customer centricity, dedicação, perseverança e crescimento baseada na reflexão constante sobre como podemos melhorar. A Huawei está hoje profundamente enraizada em Portugal, através de todas as suas áreas de negócio. A empresa orgulha-se do serviço prestado ao País e do seu contributo para a inovação e o desenvolvimento do sector das Tecnologias de Informação e Comunicação. O balanço só pode ser positivo, mas o que mais nos entusiasma é o que está por vir.
Qual foi o principal desafio?
O desafio passa sempre por ajudar os clientes a serem bem-sucedidos. Mas a Huawei Portugal tem inúmeros casos de superação, escritos por todos os que cá estão, bem como pelos que cá passaram: levar conectividade a zonas remotas dos Açores através de cabos submarinos; proporcionar os dispositivos que permitiram a milhares de estudantes portugueses ligar-se à Internet; criar a primeira rede 3G na Europa e ser um player ativo no desenvolvimento das redes móveis do país; criar o caso para o primeiro telefone de marca própria na Europa… Isto são alguns exemplos dos desafios superados com distinção por todos os que fazem parte desta história de 15 anos. É impossível escolher apenas um.
Do ponto de vista do marketing e da comunicação, qual tem sido a abordagem ao mercado?
A Huawei tem diversas áreas: o Carrier Business Group, que fornece equipamento para redes e operadores de telecomunicações; o Consumer Business Group, a face mais visível da empresa aos olhos do consumidor, que apresenta ao mercado produtos incríveis como smartphones, tablets, computadores ou wearables; e o Enterprise Business Group, que ajuda organizações do setor público e privado nos seus processos de transformação digital. Podemos ainda falar na área de energia solar, uma aposta recente em Portugal, na qual depositamos grandes expectativas.
Cada uma destas áreas tem os seus planos de marketing e as suas equipas dedicadas, que têm feito um trabalho fantástico, aliás comprovado pelos resultados atingidos. Depois, temos a dimensão institucional, da empresa como um todo, aquela em que estou focado. Aqui, o objetivo passa por ajudar a contar a nossa história e defender a reputação da empresa, existindo articulação com todas as áreas.
Neste campo, a confiança é um fator fundamental e a base de tudo o resto. E a confiança dos stakeholders constrói-se com base em factos, não em rumores, especulações ou acusações infundadas. Não se compra, conquista-se, com base no que fazemos e não no que dizemos.
Podia dar inúmeros exemplos de ações concretas, como a parceria com a Web Summit ou o roadshow 5G que percorreu o País no final de 2019. Mas há muito mais. A educação, por exemplo, é um território ao qual prestamos especial atenção: todos os anos o nosso programa Seeds for the Future permite que 10 estudantes de engenharia portugueses participem num programa de duas semanas na nossa sede, aprendendo in loco, com as nossas áreas de R&D. Temos também uma série de protocolos com universidades de referência, que visam a transferência de conhecimento e a capacitação de uma nova geração de talento nacional, com competências enquadradas nas necessidades das empresas de tecnologia. Para os mais novos, relançámos este ano o Smartbus, um roadshow nacional, dedicado a alunos do segundo e terceiro ciclo, que aborda os temas da segurança online.
E a evolução da quota de mercado?
A quota de mercado evolui de formas diferentes em cada uma das áreas de negócio. Mas é inegável que a Huawei Portugal é um parceiro de confiança dos operadores, uma marca admirada pelos consumidores e uma escolha sólida das empresas para acelerar os seus processos de transformação digital.
Aquilo que fazemos está muito alinhado com as prioridades do País em termos de transição digital e descarbonização. Temos credenciais fortes, entregamos inovação e tecnologia de ponta e estamos focados em contribuir para levar a digitalização a todas as pessoas, lares e organizações do nosso país.
A chegada a Portugal aconteceu cinco anos depois da entrada na Europa. O que vale o mercado português neste universo?
É preciso enquadrar-nos: a Huawei começou na Europa há 20 anos. Em termos globais opera hoje em 170 países e regiões, servindo três mil milhões de pessoas. No ano passado faturou 123 mil milhões de dólares (os dados são públicos e auditados pela KPMG). Temos de estar conscientes da dimensão do nosso país neste contexto. Ainda assim, a notoriedade interna da Huawei Portugal é superior à dimensão do negócio. No ano passado, por exemplo, fomos um dos principais parceiros da Web Summit, um projeto gerido pela equipa portuguesa e no âmbito do qual o nosso Rotating Chairman veio a Portugal. E vários dos nossos colaboradores são regularmente distinguidos pela empresa a nível internacional tanto pela sua competência, como pela dedicação.
O 15.º aniversário acontece num contexto muito particular. Que impacto teve a Covid-19 no negócio?
Os impactos variam em função da área de negócio. Mas importa salientar que esta crise global se tornou no maior acelerador da digitalização. As empresas e as pessoas andavam há anos a discutir e a pensar a transição digital, como se estivessem num avião a preparar-se para o último impulso antes do salto de queda-livre. Só que, de repente, fomos todos empurrados. Hoje, é unânime que a infraestrutura de TIC é a base de um mundo inteligente. São as inovações tecnológicas que temos ao dispor que permitem manter o mundo a girar, combater esta pandemia e acelerar a recuperação económica.
Qual foi a estratégia adotada para responder a estes novos tempos?
A nossa estratégia passou por nos mantermos fiéis aos princípios de customer centricity, dedicação, perseverança e reflexão. Cada empresa tem os seus valores, mas acredito que os nossos são especialmente importantes neste contexto, porque dão-nos ferramentas mais robustas para lidar com o que está a acontecer.
Do ponto de vista do negócio, a prioridade foi mostrar aos clientes que, nestes tempos difíceis, estávamos cá para os apoiar. Na área dos serviços, por exemplo, tivemos equipas na linha da frente a suportar os operadores de telecomunicações, num contexto em que o tráfego nas redes explodiu e era preciso assegurar que a infraestrutura estava à altura das circunstâncias. Aliás, é mais do que justo sublinhar o papel fundamental que os operadores de telecomunicações nacionais têm tido em todo este contexto.
O que mudou nos planos que a marca tinha para este ano?
Mantemos inalterados os planos de investimento para Portugal e em breve contamos ter notícias para dar a esse nível. Uma das vantagens de a Huawei ser uma empresa privada, propriedade dos seus colaboradores, é que não trabalhamos para o curto-prazo.
Como estima que aconteça a retoma?
Temos a sorte de trabalhar numa empresa global e poder olhar para o que fazemos noutros pontos do planeta, de forma a procurar soluções que nos possam ajudar localmente. Temos investido muito tempo nessa análise, olhar para o que está a ser feito noutras geografias e perceber o que podemos fazer pelo nosso país. E qualquer que seja o ângulo de observação, vemos que um conjunto de países está a reforçar ou acelerar os investimentos no desenvolvimento das infraestruturas de TIC. Não há dúvida de que digitalização será o motor da retoma.