Para o presidente da Associação, “os consumidores dispõem hoje de formas de intervenção social que os colocam não como meros espectadores e receptores de mensagens, mas como emissores activos no mundo globalizado”.
Que desafios vêm aí para o marketing online?
O desenvolvimento das plataformas, de software e hardware digitais, vieram colocar tudo em causa, no que respeita às práticas do marketing e da comunicação. Como se tem já muitas vezes lido e escrito, os consumidores/cidadãos dispõem hoje de formas de intervenção social que os colocam não como meros espectadores e receptores de mensagens, mas como emissores activos no mundo globalizado, com os decorrentes impactos, no âmbito do marketing, nas marcas e na sua comunicação.
A proliferação e diversidade de meios de comunicação vem igualmente disponibilizar soluções, mais ágeis, mais baratas e, porventura, mais eficazes de se atingirem públicos, sectores, targets especializados. O grande desafio é pois o de gizar novas estratégias e planos de comunicação que contemplem estas novas formas e meios de comunicar, avaliando comparativamente a sua eficácia relativa.
Todas estas soluções tecnológicas e novos meios obrigam à necessidade da concepção de estratégias integradas on e offline de forma a maximizar os recursos envolvidos.
Uma outra questão, tem a ver com a forma de comunicar. Está a chegar ao fim o tempo das mensagens unilaterais, do tipo “nós somos bons”, “o nosso produto é o melhor”, quase chamando “não inteligente” a quem não o compra ou não usa. A comunicação deverá ser, cada vez mais, relevante, disponível para consulta quando o destinatário assim o quiser, experiencial e não invasiva.
A gestão actual de uma marca é, em consequência, nos tempos actuais, mais exigente e difícil, porque “nem tudo é controlável”, assumindo como referido o consumidor um papel activo e, por vezes, determinante da formação de opinião no mercado, sobre determinados produtos, acções ou marcas.
Qual o meio mais eficaz hoje em dia? Ainda há espaço para fazer marketing “à moda antiga”?
Colocaria a questão de forma ligeiramente diferente. Certo que não haverá espaço “para se fazer marketing à antiga”. Como referi, a “nova realidade” obriga, não só à utilização dos novos meios, mas a uma visão integrada de todos os meios disponíveis. No referente à especificidade dos meios, creio que há muito ainda a desenvolver no âmbito da utilização dos telemóveis inteligentes. Uma só preocupação: a permissividade e a intrusão no cliente o que, a não ser atendido, poderá provocar atitudes de rejeição e eliminação das mensagens, o que poderá pôr em causa este meio.
As redes sociais são óptimas para a interacção com utilizadores mas também podem ser perigosas. Enquanto marca, como é que podemos gerir esta relação?
Claro que poderão ser perigosas senão utilizadas correctamente. Há necessidade de uma gestão integrada e de uma presença na net em linha com as características e os valores da marca. Os consumidores expressam-se livremente e há que a isso atender, tendo uma atitude de diálogo e não de confronto ou de eliminação das opiniões expressas.
As marcas estão hoje mais vulneráveis, perante este novo poder do consumidor, mas também será uma oportunidade de se tornarem melhores, mais responsáveis e relevantes para os seus destinatários.
É um risco que vale a pena?
Certamente que é um risco que vale a pena. Aliás, é um risco que se terá obrigatoriamente de correr. Não se pode omitir a utilização destes meios. Uma ausência online ou uma má presença, só por si, poderá ter efeitos negativos junto do mercado, logo diria que não é um risco mas uma inevitabilidade.
Fonte: Briefing