“Iremos intentar um ação nos tribunais administrativos para
impugnar a decisão da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista”,
revelou à Lusa o advogado do Diário de Notícias, realçando tratar-se de
“uma questão de princípio”.
A Comissão da Carteira Profissional
de Jornalista decidiu por unanimidade julgar improcedente o recurso dos
jornalistas do Diário de Notícias a quem tinha sido aplicada uma “sanção
de advertência” no caso “escutas de Belém”.
Segundo André
Fontinha Raposo, “a posição do Diário de Notícias é tão frontalmente
contra o que motivou a sanção da Carteira que não admite ser alvo desse
tipo de censura”, sublinhando que a intenção “é limpar o cadastro
disciplinar” do diretor do Diário de Notícias, João Marcelino, dos então
diretores adjuntos Rui Hortelão e Filomena Martins e do subdiretor,
Nuno Saraiva.
Em declarações à Lusa, o advogado do Diário de
Notícias realçou que os referidos jornalistas não tiveram qualquer tipo
de punição além da “advertência”, mas, acrescentou, “por uma questão de
princípio, é tão grave como se houvesse uma coima ou suspensão da
actividade”.
Contactado recentemente pela Lusa, o diretor do
Diário de Notícias disse que não pretende “fazer nenhuma consideração
até ao final das eleições para a Presidência da República”.
Por
seu lado, o agora assessor do chefe da Casa Civil de Cavaco Silva,
Fernando Lima manifestou à Lusa “o maior agrado sobretudo tendo em conta
que a decisão da Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas foi
tomada por unanimidade”.
O Diário de Notícias avançou a 18 de
setembro de 2009 que o assessor do Presidente da República Fernando Lima
foi a fonte do diário Público na sua manchete de agosto, em
pré-campanha eleitoral, segundo a qual já no ano passado Cavaco Silva
suspeitava estar a ser espiado pelo Governo liderado por José Sócrates.
Nesse
dia, o DN publicou uma alegada mensagem de correio eletrónico entre
dois jornalistas do Público – Luciano Alvarez e o correspondente da
Madeira, Tolentino de Nóbrega – com instruções para seguir pistas
fornecidas pelo até então assessor de imprensa do Presidente, Fernando
Lima, quanto a essa suspeita, supostamente por ordem direta de Cavaco
Silva.
Fernando Lima foi afastado do cargo de responsável pela
assessoria para a Comunicação Social, mas mantém-se na Presidência da
República como assessor do chefe da Casa Civil de Cavaco Silva.
A
Lusa pediu à Comissão da Carteira Profissional do Jornalista o parecer
sobre o tema em causa, mas, até ao momento, o organismo não o enviou.
JNM
***Este
texto foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico***
Lusa/Fim