A história vem contada na edição de hoje do The Independent. O jornal refere que na gravação os responsáveis da empresa, cujo presidente é Tim Bell, antigo conselheiro de imprensa de Margaret Thatcher, se “gabam” da sua capacidade de influência junto do governo de Cameron. Dão como exemplo o facto de o primeiro-ministro britânico ter falado com o seu homólogo chinês sobre um assunto de interesse para um dos seus clientes 24 horas depois de a Bell Pottinger ter abordado o gabinete de Cameron.
Os mesmos responsáveis explicaram como a firma recorre a “dark arts” para apagar o rasto de notícias negativas e influenciar a opinião pública. Essas técnicas incluem, por exemplo, a criação de blogues aparentemente independentes que contêm conteúdos positivos para os clientes e palavras-chave populares que os coloca nos primeiros lugares de busca do Google. Neste campo a empresa falou num trabalho feito para uma empresa africana chamada Dahabshill, que incluiu a manipulação de rankings do Google.
Os jornalistas do Bureau, uma organização não lucrativa de jornalismo de investigação com sede em Londres, disfarçaram-se de pessoas ligadas ao governo do Uzbequistão, representando a sua indústria de algodão e falando em nome do grupo Azimov. Contactaram 10 firmas de lobbying com sede em Londres para saber que tipo de serviços podiam oferecer para melhorar a imagem de um sector que, naquele país, que tem problemas de direitos humanos, recorre a mão-de-obra infantil.
Das 10 firmas contactadas, duas recusaram o trabalho, outras não responderam e cinco, entre as quais a Bell Pottinger, mostraram-se interessadas. A Bell pediu um fee anual de um milhão de libras e chegou mesmo a fazer uma apresentação aos seus interlocutores. O presidente da Bell Pottinger acusou o Bureau de fazer um jornalismo que não é responsável e uma porta-voz de David Cameron negou que a Bell ou qualquer outra empresa de lobbying tenha influência na política do governo.
Fontes: The Independent e The Bureau of Investigative Journalism