O exemplo mais recente vem da corrida em curso para a Casa Branca. O candidato republicano Mitt Romney protagonizou dois anúncios diferentes que foram publicados em sites nacionais e locais distintos.
Num deles, intitulado “É tempo de regressar ao otimismo americano”, o candidato explica em vídeo por que é que esta é uma campanha para “salvar a alma da América”. O alvo são membros do partido e o objetivo comprometê-los com o resultado das eleições. Um segundo vídeo focava-se em Romney como homem de família. Alvo: os cidadãos que ainda não estão alinhados com qualquer dos candidatos.
Instado a comentar esta estratégia, o presidente do grupo de Campanha e Análise de Media da Kantar Media, Kenneth M. Goldstein, considerou que os anúncios direcionados de Mitt Romney constituem uma mudança significativa na propaganda política. “Há 40 anos, [um republicano] via o mesmo anúncio que o vizinho democrata”, comentou.
Romney recorreu ao microtargeting, técnica já utilizada pela publicidade não política. Nos últimos anos, as empresas de estudos de mercado têm vindo a recolher dados sobre como os consumidores se comportam quer online quer offline e a cruzá-los com os resultados eleitorais. Este cruzamento de informação permite que as campanhas direcionem mensagens para eleitores específicos.
Neste caso, o diretor digital da campanha do candidato republicano, Zac Moffatt, trabalhou com a empresa Targeted Victory. “Duas pessoas na mesma casa podem receber mensagens diferentes. Não é só a mensagem que muda, é também o tipo de conteúdo”, explicou.
Instados pelo New York Times, os representantes das campanhas de Barack Obama e de Newt Gingrich, que disputa com Romney a nomeação republicana, não confirmaram a utilização desta técnica. Mas Saul Anuzis, do comité republicano de tecnologia, adiantou que o digital responderá por 10 a 15 por cento do orçamento da campanha.
Fonte: The New York Times