Briefing | A DOT Global está a comemorar 10 anos. Que balanço faz?
Diogo Marques | A Dot Global surgiu em 2008 de forma natural e inevitável, consequência da realização de diversos eventos e projetos ocorridos no período entre 2005 e 2008, criando uma estrutura empresarial que englobasse todos os departamentos de forma estruturada. Assim, nasceram a DOT Structures, DOT Activations, DOT Brands e a DOT Human Services, enquanto departamentos internos do universo global como hoje conhecemos e que tem vindo a crescer de forma sustentada, sendo atualmente uma empresa sólida e com reconhecimento no mercado dos eventos e ativações de marca.
Em 10 anos, muito mudou certamente no mundo das ativações e dos eventos. Quais
as principais mudanças que identifica?
Em 10 anos já vimos um pouco de tudo e já vivemos em tempos de “vacas gordas e de vacas anoréticas”. Muitas empresas desapareceram e muitas surgiram e são poucas as que continuam sem se adaptar à nova realidade. As empresas que conseguirem reinventar-se e criar sinergias de forma a otimizar as estruturas e métodos de funcionamento são as que têm futuro. Em termos de mudanças, identifico a principal que assenta na exclusividade de uma agência a um cliente ou conjunto de clientes. Esta dinâmica terminou e hoje os clientes nacionais e internacionais que estão a operar no mercado procuram e aceitam propostas de diversas empresas. Neste mundo global, a criatividade com implementação de baixo custo, o impacto no cliente final e o retorno futuro da ativação são os fatores mais valorizados na escolha da empresa que irá operacionalizar o briefing que recebeu.
Como olha para o mercado de eventos em Portugal?
Atualmente, a palavra evento está um pouco banalizada. Todos os dias existem centenas de acontecimentos que são apelidados de eventos, mas que, na realidade, há uns anos eram designados de reuniões, encontros, jantares, banquetes, apresentações, entre outros. Hoje em dia, qualquer empresa realiza/produz eventos, de maior ou menor escala, aberto ao público ou reservado a convidados, ao ar livre ou em espaço fechado. Existem milhares de empresas que se apelidam de “empresas de eventos”. No nosso caso, somos conhecidos no mercado pela diferenciação e especialização em três tipos de eventos: de cariz musical, familiar e gastronómico e tem sido nestas áreas que temos apostado e temos conquistado reconhecimento. Produzimos eventos como o Peixe em Lisboa, o Eat Out, o Comidas do Mundo, ou todo o F&B do Rock in Rio, assim como desenhamos e/ou produzimos eventos familiares como o Mercado NIT, o Barral Family Day, o Olx Live Market ou o Espaço de Família do Rock In Rio. No que diz respeito à vertente musical, produzimos o Festival Internacional de Músicas de Marvão e o EDP Vilar de Mouros.
O país tem potencial e capacidade para ser um destino de eventos corporativos, por exemplo?
António Melara | Portugal já é um destino de eventos corporativos e o crescimento desta área de negócio só depende do crescimento do número de camas e de todos os serviços associados a esta área de negócio. Destaco como bom exemplo o Lugar Troia e o trabalho desenvolvido pelo Turismo do Alentejo na promoção do destino com eventos de grande interesse. Por outro lado, um dos eventos que mais carinhosamente produzimos é o Festival Internacional de Música de Marvão FIMM; porém um dos grandes entraves ao crescimento deste evento é a reduzida capacidade de alojamento e de equipamentos/serviços complementares.
E no que respeita ao marketing, que mais-valia aportam os eventos para as marcas?
O poder de experimentação do consumidor através do evento é uma poderosa ferramenta de criar um link marca>cliente: destaco o trabalho que desenvolvemos com a marca Barral nos últimos anos e nos resultados positivos atingidos. Criamos momentos únicos com detalhes simples, transportando o consumidor para a sua zona de conforto onde a associação com a marca acontece sempre de uma forma leve e saudável.
São complementares ou podem, de alguma forma, substituir-se a outras ferramentas de comunicação? Como devem ser incorporados na estratégia?
O digital, os smartphones e a facilidade de acesso a conteúdos com apenas um clique são ferramentas obrigatórias em qualquer evento. É muito difícil criar a experiência de consumidor ignorando estas novas tendências. Na Dot, por sermos millennnials, temos muita facilidade em identificar os padrões de comportamento que podem tornar pequenas ativações em grandes momentos de partilha.
Cada vez mais, os consumidores procuram experiências. E todas as marcas procuram proporcioná-las. Assim sendo, como se consegue a diferenciação?
O segredo é a imaginação/criatividade, o conseguir levar os consumidores a ter experiências diferenciadoras e marcantes transmitindo os valores das marcas. Cada marca tem o seu mistério, o seu lado oculto e os ingredientes base da sua diferenciação – é aí que as agências criativas têm que atuar.
E a DOT Global, em que medida tem uma oferta diferenciadora?
DM | A Dot Global tem uma equipa criativa que avalia a essência de cada cliente/marca e vai ao encontro dos seus objetivos, seja no âmbito comercial ou de marketing. Em todas as propostas apresentamos uma visão estratégica de marketing justificativa de cada ação e com métricas de avaliação do retorno. A aposta nos nossos serviços garante a satisfação do cliente com a concretização ou superação dos objetivos definidos.
Como evoluiu o portefólio da empresa nesta década?
Contamos com mais de 550 clientes em 10 anos de atividade, o que representa um portefólio bastante recheado de eventos e ativações de marca. Iniciámos o nosso percurso com eventos próprios, criados para colmatar lacunas em algumas temáticas de eventos, lançámos e aprofundámos alguns conceitos de eventos, espaços e marcas e de seguida pela qualidade reconhecida dos nossos produtos começámos também a ser requisitados para dar suporte a eventos de outros, para responder a briefings de marcas ou para dar assegurar a logística e gestão em eventos que são organizados e idealizados pelos departamentos de marca e comunicação das empresas e que nós entrámos como suporte/ canal para o viabilizar.
Para a Dot Global, os clientes são parceiros e amigos, são a razão do nosso trabalho e, vestindo nós a sua camisola, ficamos a conhecer as suas dificuldades e conseguimos colmatá-las de dentro para fora. Com esta forma de trabalhar temos ganho clientes, projetos e a confiança do mercado seja ele público ou privado.
Com quantos eventos espera fechar o ano?
AM | Em 2018 esperamos fechar o ano com a produção de três grandes festivais de música, três eventos familiares, três eventos gastronómicos de renome e mais de 20 impactantes ativações de marcas para clientes.
E com que resultados (financeiros)? Há crescimento no horizonte?
DM | No ano de 2017 crescemos mais de 80% em volume de vendas face a 2016 e este ano temos projetado crescer cerca de 20%. Para 2019, o plano de crescimento mantém-se. Estamos a criar um novo departamento de especialização em soluções tecnológicas para eventos, tanto na área de F&B como gestão de acessos, que em breve será apresentado no mercado e ficámos agora também mandatados para negociar a vinda para Portugal de um grande evento internacional. Na nossa opinião, o futuro apresenta-se com boas perspetivas.
E novos mercados?
AM | Nestes 10 anos já produzimos pontualmente eventos para clientes em Espanha, Reino Unido, Itália, EUA e Brasil, fomos também consultados para produzir em Angola, mas ainda não se concretizou. Acredito que novos mercados possam surgir em breve.