Eventos são mais objetivos do que a publicidade

Eventos são mais objetivos do que a publicidade
“Os eventos realizam-se em campo, ou seja, sabemos exatamente que interlocutores queremos e como comunicar com eles, ao contrário da publicidade que é mais dispersa e menos objetiva”, afirma Rui Batista, da Up Partner, a agência que traz a Lisboa a iniciativa “27 Names”. “Eventos na Europa – vencer em tempo de crise” é o tema do encontro que pretende demonstrar o valor desta indústria.

Em entrevista ao Briefing, Rui Batista, partner da agência portuguesa anfitriã deste evento que recebe os melhores da indústria na Europa, explica as mais-valias dos eventos para a comunicação das marcas:

Briefing | A crise é o mote deste encontro. De que modo tem afetado o sector dos eventos a nível europeu?
Rui Batista | A crise é efetivamente o mote deste evento, contudo nem todos os países europeus se encontram em crise. A Alemanha está, neste momento, a atravessar uma fase de crescimento e aumento do número de eventos a toda a linha, como reflexo disso mesmo foram os grandes vencedores dos prémios Eubea de 2012. Comparativamente a Portugal a Irlanda também se encontra em recuperação. A França e o Reino Unido são também mercados estáveis. A crise afeta em maior escala países como Espanha, Grécia, Portugal e mercados emergentes tais como a Polónia, Estónia, mercados ainda pouco “maduros” no capítulo dos eventos.

Briefing | Que desafios têm enfrentado as empresas de eventos?
RB | No recente “European Events Summit 1ºFirst Edition – 2012”, evento exclusivo para associações e profissionais do setor dos eventos que teve lugar em Luxemburgo, organizado por um membro da 27 Names, foi lançado um manifesto de intenções baseado nos 7 C: “Change – Content – Creativity – Credibility – Connectivity – Cooperation – Cost Effectiveness”
Diria que, efetivamente, estes são os grandes desafios que as agências vão ter de enfrentar nos próximos tempos. O estar atento às mudanças; acompanhar e gerar conteúdos; elevar a criatividade; reunir condições para sermos mais credíveis enquanto empresas e enquanto associações; aumentar a conetividade a redes sociais e tecnologias; cooperar e partilhar conhecimento; e por último ter uma real preocupação com os custos e ROI (Return on Investment).

Briefing | Em jeito de antecipação das conclusões do encontro, como se pode “vencer em tempo de crise”?
RB | Para se vencer em tempos de crise não existe uma fórmula única (senão seria como acertar no jackpot), existe sim são um conjunto de ideias e conceitos que temos adotado na 27 Names e, a par na UP Partner, como filosofia, sendo uma delas a ideia de partilha: partilha de conhecimento, de boas práticas, de técnicas inovadoras. Tal como os 7 C atrás mencionados, pretendemos com esta conferência apontar caminhos que ajudem a vencer a crise, caberá a cada um decidir se os mesmos se enquadram na sua cultura organizacional ou não.

Briefing | Que mais-valias oferecem os eventos enquanto ferramenta de comunicação?
RB | É dado adquirido que os eventos permitem às empresas atingir determinados objetivos – aumento de reconhecimento, motivação de quadros, vendas e muito mais – mas, no meu entender, a grande mais-valia de um evento é o link emocional que se gera entre marca e consumidor, entre empresa e colaborador. O contato face-a-face é um dos pontos fortes do ramo. Por outro lado os eventos realizam-se em campo, ou seja, sabemos exatamente que interlocutores queremos e como comunicar com eles, ao contrário da publicidade que é mais dispersa e menos objetiva.
A par, a evolução tecnológica dos últimos anos tem gerado cada vez mais ferramentas de medição do investimento que possibilitam a determinação do custo-benefício de um evento. Como tal os eventos entraram em definitivo nos planos de marketing de qualquer empresa. Na UP Partner assumimos os eventos como um dos nossos touchpoints.

Briefing | Numa altura de orçamentos contraídos, como é que um evento pode fazer a diferença para uma empresa/marca?
RB | Pode fazer toda a diferença. Nos dias de hoje a criatividade, em especial nos eventos, desempenha um papel fundamental, não sendo raro ver casos de eventos que geram milhares de hits nas redes sociais. Existem marcas que têm crescido e criado a sua identidade a partir de eventos, caso da Red Bull e muitas outras.
Um evento tem a grande vantagem de não precisar de ser necessariamente dispendioso para que se obtenham resultados elevados. É efetivamente verdade que nos tempos atuais se espera que as agências façam mais com menos, mas também não é menos verdade que é nestes momentos que surgem as ideias mais arrojadas e inovadoras.

Briefing | O que representa atualmente a indústria de eventos na Europa? E em Portugal?
RB | Não existe uma entidade reguladora a nível internacional ou mesmo nacional que avalie o impacto económico desta área de negócio como um todo, pelo que os dados existentes não nos permitem chegar a um valor final.
No entanto, se pensarmos nos recentes Jogos Olímpicos de Londres, nos imensos congressos e festivais que acontecem um pouco por toda a Europa facilmente se percebe que esta é uma indústria que gera uma enorme movimentação na economia mundial.
No caso de Portugal, tem vindo a afirmar-se cada vez mais nas rotas dos eventos internacionais, seja pela simpatia dos portugueses, cultura e história, meteorologia e gastronomia, são muitos os pontos de atração.
Diria no entanto que o turismo de negócios tem ainda muito mais espaço por onde crescer e cabe a nós, profissionais do setor, potenciarmos ao máximo as oportunidades que possam surgir.
Na minha opinião, Portugal pode ser facilmente o palco dos eventos da Europa, precisamos, no entanto, de criar uma maior legislação no setor dos eventos e trabalharmos mais em conjunto.
Em suma, acho que a indústria de eventos (e tendo em conta a qualidade da maioria dos nossos profissionais), apesar dos momentos conturbados, devido à atual conjuntura económica, tem todos os ingredientes para vencer em tempos de crise.

Fonte: Briefing

Quarta-feira, 20 Fevereiro 2013 12:51


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