Antes da RTP, José Fragoso passou ainda pela SIC e, por isso, o coordenador de informação e conteúdos sabe que a primeira coisa a fazer quando se chega a um novo canal não é modificar a sua estrutura mas antes “respeitar integralmente o seu ADN”. Para José Fragoso, “o programador tem de respeitar os conteúdos já existentes: conhece-se o canal e depois acrescenta-se conteúdos”.
O facto de vir de uma estação televisiva onde o investimento na ficção é menor, não o faz querer modificar as linhas da TVI. Até porque, como referiu em conversa esta manhã no Hotel Altis Belém, em Lisboa, “não vim para alterar o perfil porque a TVI é o canal líder”. Deste modo, sendo a ficção o essencial à estação de Queluz de Baixo, cabe a José Fragoso garantir que os conteúdos que estão a funcionar passem a operar de forma ainda melhor.
Confrontado com a possibilidade da televisão por cabo poder tirar audiência às conhecidas novelas da TVI, José Fragoso parece sentir-se à-vontade, referindo que o “truque” passa por saber o gosto das pessoas, respondendo, assim, às afectividades do público. Até porque o facto de actualmente o canal passar três novelas de seguida mais não é do que mera estratégia. “O importante é saber quais os formatos que se tem e as alturas em que devem ser feitos”, refere.
Apesar de não colocar de lado a diversidade dos conteúdos na estação de Queluz – que estava já em curso, mesmo antes da sua entrada, com 21 telefilmes de produção da TVI -, José Fragoso sabe que a oferta do canal é muito sustentada em ficção e, por isso, qualquer alteração deve ser pensada antes de acontecer.
Também com o cabo surgem os canais temáticos que, não raras vezes, acabam por divulgar os produtos internacionais específicos mais cedo que os canais generalistas. É, exemplo disso, o caso das séries e dos filmes que quando chegam aos canais em sinal aberto, o público já foi os viu. A única solução que Fragoso encontra para esta concorrência acaba por ser a criação de condições para determinados conteúdos serem exclusivos de um canal. Aos grandes grupos, por sua vez, cabe-lhes expandirem-se para as diferentes áreas.
Relativamente a investimentos, o coordenador de informação e conteúdos não revela quaisquer números, salientando apenas que em tempos de crise, na TVI, tenta-se adaptar as ficções, o ex libris do canal, à realidade: “temos de ser cada vez mais criativos e manter os custos controlados”.
CCB
Fonte: Briefing