Mais ética significa mais lucros

Mais ética significa mais lucros

“Trinta anos de estudos mostram que as empresas mais éticas são mais lucrativas. Cerca de 260 estudos académicos mostram uma correlação entre altos compromissos éticos e uma alta performance empresarial”. Quem o defende é John Dalla Costa, fundador do Centre for Ethical Orientation, que esteve em Lisboa para participar numa conferência promovida pela Associação Portuguesa de Anunciantes.

“Se a única maneira de eu ser bem-sucedido nos negócios é pagando a alguém corruptamente, eu não sou um homem de negócios… Sou um criminoso! Uma pessoa de negócios cria oportunidades dentro da lei e dentro de um quadro ético partilhado pelas empresas, todos nós temos permissão da sociedade para fazer dinheiro, com o reverso de levar para a sociedade alguns bens. E é aqui que a tragicomédia entra: em Itália, por exemplo, a única organização que não é afetada pela austeridade é a Máfia”, começa por explicar Dalla Costa acerca dos princípios éticos que uma empresa deve seguir.

“Existem muitas organizações que são legais e que operam como a Máfia”. Esta é uma das conclusões que o investigador realça na entrevista ao Briefing onde revela que “os estudos mostram que as empresas que trabalham com ética, que constroem a reputação de serem altamente confiáveis e que são íntegras, têm tendência para atrair melhores pessoas, tomar decisões mais rápidas (porque as pessoas confiam umas nas outras) e têm uma capacidade de recuperar dos erros mais facilmente”. “Existem muitos benefícios económicos que estão subjacentes à orientação ética. Boa gestão e boa ética estão de mãos dadas, a crise é apenas uma desculpa para dizer ‘Desculpa lá, tu sabes, se eu pudesse, eu fazia mas não posso…'”, conclui o responsável.

Acerca de procedimentos a ter, o investigador defende que é importante que as empresas desenvolvam a sua responsabilidade social corporativa, não como uma questão de Relações Públicas, mas numa ótica de “Investigação e Desenvolvimento”, para aprender a linguagem ética, para aprender “as sensibilidades morais que devem ir com o marketing”. “A responsabilidade social corporativa torna-se muito mais importante porque é desta maneira que se aprende a preparar o futuro, torna-se muito mais num ‘projeto profético’ do que ‘reativo'”, assume Dalla Costa.

Filipe Santa-Bárbara
Fonte: Briefing

Quarta-feira, 08 Fevereiro 2012 11:57


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