A iniciativa junta peritos em software e linguística e vai
permitir a quem escreve em mirandês ouvir “uma voz sintética naquela
língua” ou, “a quem fala, ver a escrita reconhecida em texto para a
mesma língua”.
O projeto é considerado como “fundamental”, quer
para a investigação da língua mirandesa, quer para ensino e conhecimento
da segunda língua oficial em Portugal, utilizando como ferramentas as
mais recentes tecnologias de informação e comunicação.
Em
declarações à Agência Lusa, o diretor de investigação da Microsoft
Portugal, Miguel Sales Dias, disse que o projeto passa pela criação de
um sistema de fala que reconheça o léxico fonético da língua mirandesa.
“Nós
desenvolvemos tecnologias de base que serão utilizadas por quem
desenvolve aplicações didáticas, para as disponibilizar depois a quem
ministra o ensino do mirandês, quer na forma falada, quer na forma
escrita”, especificou o investigador.
Os investigadores envolvidos
no projeto acreditam que a tecnologia desenvolvida poderá ser utilizada
para “melhorar” os modelos de ensino e divulgação do mirandês fora da
sua área de influência (Miranda do Douro, Vimioso e Mogadouro).
“Os
conteúdos desenvolvidos pela Microsoft são destinados a quem desenvolve
aplicações, já que se constituem como um mecanismo de apoio à
comunidade científica que se dedica ao estudo do mirandês. São recursos
únicos que serão disponibilizados em modo livre”, adiantou Miguel Sales
Dias.
Quando estas aplicações estiverem disponíveis, os falantes e
estudiosos do mirandês vão poder verificar os resultados finais, já
que, nesta altura, “os conteúdos apenas se destinam a investigadores na
área do mirandês”.
Os primeiros demonstradores poderão estar
disponíveis para a comunidade científica dentro de meio ano.
A
médio prazo, os cerca de 500 alunos que estudam mirandês no Agrupamento
de Escolas do concelho de Miranda do Douro poderão aplicar estas novas
ferramentas nos seus computadores pessoais.
“As novas ferramentas
podem ser aplicadas em todos os computadores que tenham o sistema
operativo Windows,” adiantou responsável da Microsoft.
Na opinião
dos investigadores, este é o primeiro e ao mesmo tempo um projeto
“fundamental para manter viva” a língua mirandesa no mundo académico.
“Ao mesmo tempo, os falantes do mirandês passam a usufruir de avanços
tecnológicos nas suas ferramentas de ensino. Estes recursos são
inexistentes no seio da língua mirandesa. É um projeto que se encontra
em fase de elaboração pela primeira vez em larga escala, com qualidade
profissional”, concluiu Carlos Sales Dias.
FYP.
Lusa/fim