E questiona: “Como é que se planeiam campanhas de “emergência” ao mesmo tempo que temos que rever o plano todo? Como é que deixamos de chamar os nossos clientes às lojas e os passamos a enviar para o online quando não estávamos minimamente preparados para aumentos de entregas na ordem dos 3000%? Como é que deixamos de convidar as pessoas para virem almoçar e jantar connosco e preparamos o nosso discurso e negócio para entregas em casa? Como valorizamos e motivamos os heróis que estão no terreno a dar o corpo e a alma longe das famílias e sujeitos a riscos? O que fazer àquela rede de outdoor que está comprada para uma campanha de férias quando estamos todos em casa?”
A proposta é clara: “reinventar negócios, preparar planos alternativos e aproveitar este tempo que também é de reflexão para pensar nos nossos propósitos de marcas e empresas na sociedade. Porque há muita gente a criticar as marcas de fazerem campanhas neste momento, mas é precisamente neste momento que precisamos de comunicar mais”.
“O que precisamos é de fazer comunicação relevante, pertinente, com propósito adaptada ao momento em que vivemos”, sustenta. “Como vão as pessoas de idade saber que agora há um horário específico para eles nas lojas se não comunicarmos?”, justifica, assumindo, que naturalmente “esta medida terá muito impacto na economia em geral”, e no negócio publicitário.
“Há muito tempo que defendo as marcas com propósito e esta é a oportunidade de repensarem o que andam a fazer”, observa. Não se trata de parar, diz, trata-se de repensar a marca, “a todos os níveis, pessoal e profissional”.
Sobre a forma como a agência está a viver este período, revela que desde dia 13 de março todos os trabalhadores estão a trabalhar em casa com “uma entrega e compromisso inimaginável” há três semanas e que o impacto está a ser “muitíssimo positivo”. “Na Fuel mudou o facto de que em vez de termos uma Fuel na Avenida da Liberdade, passámos a ter 85 novas agências na casa de cada um dos colaboradores”, afirma, revelando os “muitos briefings em curso” e a entrada de muitos novos projetos. “O primeiro grande projeto feito totalmente a partir de casa, foi o filme que fizemos de obrigada e elogio aos profissionais que assumem a linha da frente, feito para o nosso e com o nosso cliente Continente, que nos deixou a todos com uma sensação boa de dever cumprido sobre um momento das nossas vidas que nunca vamos esquecer”, conta.
“Temos as equipas incansáveis a pensar em novas formas de dar continuidade ao negócio dos nossos clientes. Alguns projetos incríveis que ainda não podemos partilhar, mas que sairão em breve. Trabalhando duas marcas tão importantes nesta fase, como o Continente e a Worten, imagina-se o trabalho todo que temos”, assume.
“As pessoas que não se sentem tão afetadas não imaginam a importância que a Worten, por exemplo, tem neste momento na vida das pessoas. Sentem mais automaticamente o impacto dos supermercados, mas imagine-se que tem que se colocar um familiar isolado num quarto e só há uma TV na família. Vai ser preciso uma TV extra ou um tablet, livros”, justifica.
Por fim, deixa uma nota positiva: “Repensar as marcas é uma oportunidade global. São incríveis as mensagens que esta situação nos está a fazer chegar todos os dias, como por exemplo o flagelo que estamos a viver que já matou nove mil pessoas mas ao mesmo tempo este parar global reduziu substancialmente os níveis de poluição, um fator que só per si, terá evitado a morte a 73 mil adultos e quatro mil crianças, só na China”.