Tudo começou quando Pedro Ribeiro, director de antena da Rádio Comercial, convidou Markl a voltar àquela estação radiofónica. Daí à Caderneta de Cromos, foi um passo: “Acho que descobri o conceito da Caderneta quando fiz outro tipo de raciocínio: o que é que eu gostava de ouvir na rádio que ainda não tivesse sido feito por ninguém?”, explica Nuno Markl. Pegando em séries de televisão, filmes, comidas e brinquedos dos anos 70 e 80, o resultado foi um conjunto das “coisas mais bizarras da História”.
Ao contrário do que a maioria das pessoas possa pensar, o nome da rubrica não advém por causa do “sentido depreciativo e trocista” da palavra “cromos”, ainda que às vezes o sentido seja esse, mas antes pela ideia que o humorista tinha de estar a “preencher uma caderneta gigante, dia após dia, um cromo de cada vez”, explica ao Briefing Nuno Markl, acrescentando: “Porque se há símbolo da era em que crescemos, eram as colecções de cromos”.
Aquando do seu retorno à Rádio Comercial, Markl tinha noção de que havia um hype à volta do seu regresso e que haveria, igualmente, interesse naquilo que iria apresentar. A juntar a todos estes conhecimentos à priori, o humorista sabia ainda que “havia interesse nos anos 70 e 80 e que também ninguém ainda tinha feito uma recolha de todas estas coisas do passado”, afirma. Por isso, Nuno Markl sabia que a Caderneta de Cromos tinha bases para vingar. Contudo, recorda ficar “meio embasbacado perante as salas cheias do Coliseu de Lisboa e do Porto”, quando lá foi feita a Caderneta de Cromos ao vivo.
Para este sucesso, também muito contribuiu a rede social Facebook, onde o autor da rubrica humorística abriu um grupo da Caderneta dois dias antes do arranque. “Vinte e quatro horas depois de o grupo estar a funcionar, e sem que soubessem o que era exactamente a rubrica, já havia pessoas a contribuir com fotografias e dicas de temas”, revela.
Para comemorar o segundo aniversário da Caderneta de Cromos, e dada a proximidade com a época natalícia, o autor decidiu lançar o desafio “Os Natais Cromos”. E a iniciativa está já a dar frutos: “Há fotografias incríveis de Natais muito tipicamente 70-80”, adianta. Dado o divertimento que a iniciativa está a causar, Markl tem já algumas ideias em mentes: “Estou a pensar em abrir um grupo parecido por alturas do Carnaval. Ver as máscaras daquela altura pode ser delirante”, revela ao Briefing.
O também criador de “O Homem Que Mordeu o Cão” não consegue deixar de fazer o paralelismo entre as duas rubricas, ao fazer o balanço destes dois anos da Caderneta de Cromos, o qual revela ser “muito positivo”. “Em algumas alturas sinto que a Caderneta de Cromos ultrapassou a dimensão de ‘O Homem Que Mordeu o Cão’, que eu achava que era a coisa maior que já fizera em rádio”, declara. Mas o facto de haver pessoas de todas as idades a acompanhar a rubrica, a ler os livros ou a aparecerem nas sessões de autógrafos é o que, no parecer de Markl, melhor representa o balanço positivo da Caderneta de Cromos.
O que podemos esperar da rubrica num futuro próximo? “Em 2012 temos essa experiência louca em colaboração com a Maia & Borges, a empresa que produzia as figuras de PVC da nossa infância e que vai criar uma linha de figuras da Caderneta de Cromos, com design da Patrícia Furtado, a ilustradora dos livros e de todo o look da rubrica”, revela Markl, ao Briefing. “Há um projecto-fantasma que de vez em quando é falado e que me parece que tinha potencial para resultar – a versão TV da Caderneta de Cromos. Mas não há ainda nada definido sobre isso”, acrescenta.
Catarina Caldeira Baguinho
Fonte: Briefing