Briefing | Diz que este é o momento certo para construir projetos de comunicação de raiz. Porquê?
José Godinho Marques | Porque os anunciantes e as marcas precisam mais do que nunca de agilidade, do ponto de vista do delivery criativo e do ponto de vista do controlo de custos. Sendo uma estrutura que nasce num contexto socioeconómico mais competitivo do que nunca, será obrigatoriamente um parceiro bem dimensionado, sem lastro, a acompanhar os níveis de voo a que os clientes se propuserem. Quando falo de momento certo acredito que a retoma estará para breve em termos de investimento publicitário, num país que, apesar de assolado diariamente por convulsões do sistema financeiro, se reinventará como sempre fez. Falo de momento certo porque acredito que é possível fazer boa comunicação mesmo nas condições mais difíceis. Para os argentinos, criar nunca foi um problema. Olhe-se para projetos como a Santo de Buenos Aires, só como um exemplo.
Briefing | O que o motiva a iniciar um projeto próprio depois de 24 anos em agências de outra dimensão?
JGM | Entre vários fatores, a possibilidade de experimentar uma maior proximidade com o cliente e a liberdade de decidir o que apresentar e como apresentar. São estes dois os principais fatores que me levaram a iniciar um projeto próprio, sem dúvida. E é muito excitante sentir o sabor de um projeto embrionário. Nunca o tinha feito.
Briefing | É um projeto a solo? Que talentos andou a recrutar?
JGM | “Se queres ir rápido, vai só. Se queres ir longe, vai acompanhado”. Um projeto de agência nunca poderá ser um projeto a solo, pois tudo nasce da discussão de ideias e da afinação de objetivos. Projetos a solo tenho em casa, quando me confronto com telas e papéis em branco. Para já sou eu o único rosto visível da agência, mas em breve deixarei de o ser, quando tudo estiver fechado no que toca a equipa. Estamos a avaliar as melhores opções de talento que queiram embarcar nesta aventura, pois, sendo uma estrutura flexível, há que ter um enorme carinho e perspicácia na hora de recrutar. Nos 3 anos em que liderei a criatividade de uma multinacional, tenho a certeza que fiz excelentes opções em termos de contratação, e certamente, não será diferente num projeto novo. E quem esteve comigo teve a oportunidade de tirar de si o melhor em termos de abordagem ao briefing, versus experiências passadas em outras agências. Não sou um diretor criativo que desvalorize as ideias, procuro sempre uma maneira de faze-las crescer e tornarem-se relevantes. Tão importante como ter boas ideias é saber direcionar o esforço para conseguir implementa-las. A seu tempo, revelaremos os talentos que se juntam a nós, bem como a rede de parcerias que estamos a estabelecer.
Briefing | Qual a inspiração para Human?
JGM | A inspiração vem da própria linha de intenção empresarial a que me propus. Se, por um lado, pretendo explorar até à exaustão o lado mais humano das marcas, tentando criar verdadeiros insights para os consumidores destas e retirar esses mesmos insights para a comunicação da marca, por outro quero que a agência que estou a criar seja mais humana na sua essência. Que valorize as pessoas que connosco colaboram, e que viva numa rotina de transparência e cumplicidade, tal como as relações humanas devem ser.
Briefing | E Human por oposição a?
JGM | Falta de agilidade e transparência, egocentrismo, falta de foco na evolução pessoal e profissional das pessoas.
Briefing | O que é uma agência on time, full time, surfing the line? Em que medida é diferenciadora na oferta?
JGM | Uma agência on time, full time, surfing the line é uma forma mais ou menos explícita de passar a nossa aspiração enquanto atitude de agência. Rápidos no delivery e em cima da oportunidade, full time porque vamos nos comprometer com os nossos clientes enquanto parceiros de criatividade, e surfing the line porque apostamos no valor das ideias e não nos meios de implementação – para isso temos os nossos parceiros. Não faz sentido numa estrutura que começa pequena fazer distinções entre above, bellow, on e por aí adiante.
Temos resposta para todos os desafios de comunicação que nos queiram propor. A Human é diferenciadora na oferta porque é um projeto maduro, nascido de muita ponderação de um diretor criativo que operou um shift criativo numa agência que vinha sendo alvo de períodos conturbados. O que consegui fazer numa multinacional posso fazer numa estrutura embrionária, sendo muito mais competitiva em termos de custos. E isso pode fazer toda a diferença.
Briefing | Não revela os clientes, mas o que podem eles esperar da Human?
JGM | Dedicação. E um projeto que respeita o trabalho em toda a sua dimensão. E que coloca a ideia no centro de toda a sua atividade. Isso para já. Para o futuro, uma sensação de realização plena, para nós e para quem estiver cá. E que os prémios sejam uma óbvia consequência de um trabalho extraordinário.