Palestras que são espetáculos? É o que o Raul faz em Portugal há 20 anos

Ator, autor, orador, professor de inteligência emocional, especialista em comunicação emocional e relacional. Raul de Orofino é tudo isto. O seu foco nas pessoas começou em 1990, com um projeto que levava o teatro ao domicílio. E daí foi evoluindo para o mundo empresarial, levando a sua visão a empresas de vários países, entre eles Portugal. E são, precisamente, os 20 anos deste lado do Atlântico que celebra hoje. Com uma palestra que é um espetáculo.

 

Raul apresenta-se como especialista em comunicação emocional. E, quando lhe é pedido para descodificar, afirma, em declarações à Briefing, que a sua missão é ensinar as pessoas a comunicarem emocionalmente, tirando partido da inteligência que reside no hemisfério direito do cérebro, que é – diz – o lugar das intuições e das emoções.

Continuando na descodificação, afirma que, quando numa conversa, os intervenientes estão muito conectados com o lado esquerdo do cérebro, que é o lado racional, e muitas vezes nem percebem se e como a mensagem está a chegar à outra pessoa: “É importante voltarmos a escutar as pessoas, mesmo quando elas estão em silêncio. Numa reunião, se você expõe as suas ideias para cinco pessoas, e elas estão caladas, cada uma ouvirá de acordo com o seu histórico emocional. Não dá para fugir dele, pois, como os médicos dizem, todas as células do nosso corpo contêm inteligência, afeto e sensibilidade. Isto quer dizer que a forma como você pensa e aquilo que você viveu e vive está no seu corpo. E se manifesta sempre. Quando um líder ou um vendedor procura escutar a pessoa no momento presente, a forma de falar se modifica”, diz, preconizando a necessidade de reaprender a escutar e a olhar, de modo a despertar a comunicação emocional e de sair do que designa como “plano automático”.

Não tem dúvidas de que as emoções são uma boa ferramenta da comunicação: “Se aprendemos a lidar com elas com equilíbrio, seja connosco mesmo ou com quem convivemos, seremos mais sagazes e mais rápidos, porque estamos começando a escutar as nossas intuições”, defendendo que usar a emoção de forma saudável e equilibrada resulta em mais produtividade. “A nossa intuição é uma grande aliada”, comenta, ainda que ressalve que isso não significa que não se escute também o lado racional: “Está tudo junto. Um pode ‘dançar’ com o outro”.

São estas reflexões que coloca em prática como docente de Inteligência Emocional. Recorre a conceitos científicos que lhe foram transmitidos pelo médico psiquiatra com quem fez terapia durante 19 anos: “Falo das células com propriedade”, afiança: “Quando fui convidado para dar as aulas de Inteligência Emocional no ISLA, em 2009 (foram três anos), percebi que a melhor maneira de trabalhar os conceitos era estimular o corpo das pessoas. Assim, aplico exercícios psicofísicos e as células são trabalhadas. A partir daí, fica claro para as próprias pessoas que não sabem totalmente escutar, não sabem falar umas com as outras, que a comunicação é pobre. E percebem que não sabem escutar o seu próprio silêncio. Quando você começa a escutar o seu silêncio, você abre portas para escutar as suas intuições. E aí as conversas e as reuniões passam a ser mais ágeis, produtivas e até as vendas se tornam mais vivas.”

E nos negócios? Será que as emoções podem ser um fator transformador nas empresas? A resposta é perentória: “Totalmente”. Argumenta que a maioria das pessoas não sabe comunicar emocionalmente, fala demais e não escuta verdadeiramente o outro. “Um vendedor me contou que esteve numa formação em que o formador lhe disse para escutar o cliente. E ele, para escutar e para exercitar a empatia, ficava calado, mas doido para falar. Chegava a casa e ficava aliviado, porque falava muito com a esposa. Na minha formação de Inteligência Emocional, ele percebeu que ficar mudo não é escutar o outro. Teve a consciência de que não escutava a esposa, nem os clientes, apenas fingia escutá-los”. Raul transporta este exemplo para o universo empresarial, afirmando que estes comportamentos se refletem nas lideranças e nas equipas, no atendimento ao cliente e nas vendas. Sustenta, mesmo, que utilizando o lado emocional no marketing ajuda a passar a mensagem: “Uma pessoa de marketing que tem prazer em escutar as pessoas, em saborear os diferentes pensamentos, será mais criativa e os negócios serão mais produtivos.”

fs@briefing.pt

 

Terça-feira, 15 Outubro 2019 11:28


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