Preço do café para o consumidor vai subir – AHRESP

Lisboa, 11 fev (Lusa) – O preço do café para o consumidor vai subir
em breve, dada a escalada da matéria-prima nos mercados internacionais e
as “esmagadíssimas” margens de comercialização, admite a Associação da
Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP).


Contactado
pela Lusa, o presidente da AHRESP, Mário Pereira Gonçalves, refere que,
embora “ainda não tenha sido contactado oficialmente pelos
torrefatores” neste sentido, “é inevitável que o caminho seja o de
aumentar o preço do café” para os consumidores, após nove anos sem
alterações.

Nos últimos meses, os preços das matérias-primas e
fatores de produção para o fabrico do café subiram bastante, com o café
verde a atingir o preço mais alto dos últimos 14 anos. Atualmente, esta
matéria-prima custa mais cerca de 80 por cento do que no período
homólogo. A agravar, o açúcar – outra das matérias-primas que
influenciam este negócio – regista uma subida de 40 por cento.

“O
aumento exponencial das várias matérias-primas, dada a grande
especulação nos mercados à volta dos produtos alimentares, a juntar à
inflação, faz com que não tenhamos condições de manter os preços. Desde
janeiro de 2002 – entrada em vigor do euro – que não atualizamos estes
preços. São nove anos. As margens estão esmagadíssimas e as
matérias-primas a níveis insuportáveis”, explica o presidente da AHRESP.

Questionado sobre para quando prevê este aumento, Mário
Gonçalves assume que “no curto prazo”. Já sobre a eventual dimensão da
subida do preço do café – cuja média de preços em Portugal ronda os 50 a
55 cêntimos -, garante que “é imprevisível”, mas que “estes preços têm
os dias contados”.

Ainda assim, arrisca que possa ir desde “os
cinco cêntimos no café de bairro a valores bastante mais significativos”
noutro tipo de estabelecimentos comerciais. “É tudo expetável”, diz.

Segundo
o responsável, Portugal é o país da Europa onde o café é mais barato,
embora a qualidade do produto que é comprado “seja excecional”. A seguir
“só em Espanha e na Macedónia se encontra uma média de preços de um
euro e tudo o resto anda à volta dos três, quatro e até cinco euros”.

Mário
Gonçalves mostra-se preocupado com a necessidade desta atualização de
preços, pois na atual conjuntura “os consumidores não têm poder de
compra para pagar isto e há muita coisa a ser exigida ao setor, custos
de contexto que não fazem sentido e que tiram competitividade”. No
final, antecipa, “só os grandes vão conseguir resistir”.

O
responsável acusa o Estado de sobrecarregar o setor com “custos de
contexto”, como taxas “para tudo”, que vão “do uso da esplanada aos
custos da qualidade do ar, da higiene e alimentação no trabalho, da
medicina, da formação, tudo”.

Por isso, a associação “está a fazer
pressão junto do Governo e da Assembleia da República para que se
altere a legislação”.    

A Lusa contactou a Associação
Industrial e Comercial do Café, que representa, por exemplo, os três
principais torrefatores – Nutricafés, Delta e Nestlé –, mas não obteve
resposta. 

MSF.

Lusa/fim.

Sexta-feira, 11 Fevereiro 2011 12:21


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