Numa conferência de imprensa realizada nas instalações da RTP, Guilherme Costa apresentou o plano de sustentabilidade económica e financeira da estação pública que assenta em três premissas: redução muito significativa dos fundos públicos correntes colocados à disposição da RTP; alienação de um canal, que permitirá à empresa reduzir custos na ordem dos 40 milhões de euros; e presença da informação nos conteúdos da estação combinada com produtos de entretenimento e educação, assim como um reforço do serviço internacional.
Guilherme Costa referiu ainda que o futuro da televisão pública passa por uma política de três R’s. O primeiro é a redução das ineficiências remanescentes da RTP, o segundo tem que ver com a reconfiguração de actividades e serviços e o terceiro relaciona-se com a reestruturação financeira, dotando a empresa de capitais equilibrados. Deste modo, a RTP tornar-se-á mais transparente no que se refere ao desempenho económico e financeiro.
O ano de 2012 será de transição para a RTP que, em 2013, terá “cerca de metade dos 300 milhões de euros por ano que a empresa recebia” do Estado, revelou Guilherme Costa. Em 2013, o canal público pretende ter entre 150 a 160 milhões de fundos correntes, o que significa reduzir os custos para 185 milhões de euros.
O presidente da RTP adiantou ainda que a estação irá reduzir os serviços públicos obrigatórios do Estado, como por exemplo a cobertura geográfica no interior do país. Deste modo, a empresa manterá algumas das delegações nacionais e internacionais mas construirá uma “forte rede de delegações em sinergia plena com a Lusa”, a agência de notícias do Estado. Também os centros regionais da Madeira e dos Açores passarão a contar com uma “forte autonomização financeira”, utilizando, para as suas actividades, fundos públicos.
No interior da RTP permanecerá um “conjunto de actividades em que o canal generalista é não residual”, isto é, a empresa terá obrigações de conteúdos de serviço público mas não ficará vedada a qualquer outro conteúdo, “a não ser por ética de antena ou questão financeira”, adiantou o presidente.
Apesar de tamanha contenção, a RTP manterá canais temáticos de serviço público e comercial, o “serviço generalista de rádio e uma ou duas antenas musicais”, continuará a apostar no new digital media e manterá iniciativas de empreendedorismo, como o caso da Academia RTP.
Guilherme Costa reconhece esta será uma “tarefa hercúlea” feita de “sangue, suor e lágrimas” para que a empresa consiga equilibrar a sua situação.
Para que tal seja possível, e como referiu o presidente da estação televisiva, terá de haver, consequentemente, uma redução de efectivos. Recorde-se que desde 2009 já saíram cerca de 200 trabalhadores e até meados de Novembro, com a entrada de um novo Plano de Apoio às Saídas Voluntárias (PASV), serão cerca de 300 os funcionários a deixarem a RTP.
CCB
Fonte: Briefing