Assim, a edição de março da Volta ao Mundo resulta de um trabalho de um ano inteiro, em que o escritor viajou por três cidades emblemáticas – Miami, Pequim e Moscovo.
Em entrevista ao Briefing, José Jaime Costa, diretor deste título da Controlinveste, conta o que este na origem deste projeto:
Briefing | O que o levou a pensar numa edição assinada apenas por uma pessoa, neste caso um escritor?
José Jaime Costa | A nossa “indústria” vive de imaginação, criatividade e procura de sintonias com os seus leitores. Somos todos um pouco como a Sherazade, das “Mil e uma Noites”, que tinha de contar todas as noites uma história diferente, para despertar e manter o interesse do seu Sultão. Se falhasse, uma vez que fosse, o Sultão mandava cortar-lhe a cabeça. No nosso caso, o “Sultão” é o nosso público. Se não soubermos também despertar e manter o seu interesse, ficamos “sem cabeça”. Apesar das novas e novíssimas tecnologias, das globalizações várias, das diferentes lógicas comerciais e de um estado de “revolução permanente” nos media, não podemos esquecer a nossa função essencial. Nós fazemos parte de uma das mais velhas profissões do mundo. Nós somos “contadores de histórias”. E as “histórias” são um bem de primeira necessidade, porque nem só de pão vive o homem. Logo, quem melhor do que um escritor com o talento do José Luis Peixoto para contar a “história” que é esta edição da Volta ao Mundo?
Briefing | Porquê o José Luís Peixoto? O que encontrou nele que ia ao encontro da sua ideia?
JJC | O José Luis Peixoto é um grande talento e um grande viajante, e é, com o devido respeito, como se fosse “da casa” . Colabora com a Volta ao Mundo há mais de um ano, e assim tudo sucedeu quase por geração espontânea e com a maior naturalidade.
Briefing | O que implicou esta edição?
JJC | Um grande entusiasmo, um grande trabalho de equipa e o grande talento do José Luís Peixoto. Não esqueço também o contributo decisivo dos fotógrafos Alfredo Cunha, Adelino Meireles e Leonel de Castro, e do Diretor de Arte, Rui Leitão.
Briefing | Como pensa que os leitores acolherão esta edição, tendo em conta que foge ao formato habitual?
JJC | Acredito que será bem acolhida. Justamente por ser uma forma absolutamente inédita de fazer uma revista de viagens. E pelo facto de essa inovação ser de grande qualidade. Apesar da dispersão da atenção disponível das pessoas ser cada vez mais disputada por múltiplos apelos, eu creio no poder nuclear da “palavra” falada e escrita. Acredito, como lhe disse, na força eterna das “boas histórias”.
Briefing | Houve alguma campanha de comunicação da iniciativa ou a revista foi colocada em banca como as demais edições?
JJC | Utilizámos o Facebook da Volta ao Mundo e o do José Luís Peixoto para “espalhar a palavra”. Contamos com alguma cobertura editorial – visto que esta revista é uma obra do José Luís – e, como sempre, com a comunicação institucional do grupo.
Briefing | Foi a primeira vez? É para repetir?
JJC | Foi a primeira vez sim. E pode certamente repetir-se, porque não? Mas também gosto de pensar que teremos mais ideias razoavelmente originais. É a tal história das “Mil e uma Noites”. Em lugar de ficarmos sem cabeça, o que queremos é fazer bem à cabeça das pessoas. Bem precisam.
Fonte: Briefing