A opinião é do social media director da View Isobar, Nuno Costa, num artigo para o Briefing.
“Há cerca de três anos atrás, recebíamos diversos emails com pedidos dos amigos das marcas no Facebook a solicitar amostras de produto. Eram pedidos singelos, de quem queria experimentar o produto, e esperava que a marca aquiescesse.
Um ano depois, surgiram os emails das dúvidas: “Gosto muito da vossa marca mas não tenho a certeza se vou gostar do vosso produto, podem enviar uma amostra para ver se eu gosto? Se gostar eu depois compro mais.”. E estas pessoas tinham sérias dúvidas, pois chegavam a enviar o mesmo email para marcas diferentes geridas por nós.
Entretanto, o aumento dos impostos e a crise fez com que as amigas das marcas atalhassem caminho e começassem a ser mais directas: “Estou desempregada, sempre comprei os vossos produtos mas agora não posso, será que me podem enviar amostras?”. À semelhança da situação anterior, chegámos a receber o mesmo email, da mesma pessoa, para marcas diferentes.
Mas a crise também criou novas oportunidades, entretanto estas pessoas descobriram uma forma mais simples e prática de receber produtos: O Blog! Os emails agora são de natureza diferente: “Olá, sou a Maria e tenho um Blog de moda e beleza. Estou interessada em fazer uma parceria com a vossa marca, será que me podem enviar amostras de produtos para eu falar sobre eles ou para oferecer às minhas leitoras?”. E depois enviam em anexo as estatísticas com o tráfego e visitas do Blog, o que revela um nível superior de excelência no serviço. Sempre é mais económico para as marcas trabalharem com estes Blogs pop-up, uma vez que não têm de pagar por cada publicação ou comprar impressões de Leaderboards ou Mrecs no Blog, como no caso de Blogs mais comerciais.
O Blog, há 13 anos atrás, era um meio ainda desprovido de natureza puramente comercial, era simplesmente um canal onde o utilizador podia partilhar as suas preferências, opiniões, gostos pessoais, etc. Os bons Blogs, que tiveram o cuidado de desenvolver um trabalho editorial, transformaram-se em fontes de conteúdo com relevância e conseguiram construir uma audiência (separo aqui Blogs cuja evolução seguiu no sentido de portal de conteúdo). Eram locais onde se podiam consultar experiências e opiniões sobre assuntos diversos e onde, de forma isenta, se recolhiam opiniões que influenciavam decisões de compra. Os bons redactores souberam aproveitar a oportunidade e tornaram-se Opinion Leaders no panorama nacional. Com o passar dos anos, alguns começaram a seguir um caminho mais comercial, utilizando a sua imagem para influenciar a opinião de consumidores sobre produtos e serviços.
Estes últimos eu designo de Blogs comerciais, alguns dos quais estão integrados em grupos de media. E as marcas recorrem cada vez mais aos Blogs comerciais para promover a sua informação e o sucesso destes bloggers influencia cada vez mais uma geração de jovens redactores que vêm no formato do Blog pop-up apenas uma fonte de revenue. No meio deste processo, entre as marcas e os Blogs, estão as agências que, para não perderem a corrida às redes sociais, não têm pejo em sugerir às marcas que se envolvam com os bloggers, mesmo que certos Blogs não tenham qualquer relevância no ecossistema a não ser o facto de terem aparecido nos resultados de busca do Google aquando a pesquisa de um “termo”.
Será que os Blogs comerciais e pop-up são relevantes para envolver verdadeiramente o público-alvo da marca? Não. Os resultados produzidos por diversas acções implementadas ao nível de Social Media dizem que não. Nem os Blogs comerciais nem os Blog pop-up são a melhor forma solução. Para cumprir a promessa do Blog, e o motivo que leva as agências sugerirem este meio às marcas, que é capacidade influenciar sub-repticiamente os leitores, não podemos recorrer aos Blogs comerciais e pop-up pois os leitores identificam rapidamente o intuito comercial por trás dos posts / artigos dos Blogs”.
Nuno Costa
Social Media Director da View Isobar
*Artigo escrito segundo as regras anteriores ao atual acordo ortográfico.
Fonte: Briefing