Briefing | Que balanço faz dos 19 anos de televisão privada em Portugal?
Arons de Carvalho | O balanço da televisão privada é positivo. Ela acrescentou diversidade na oferta televisiva, liderou a inovação na televisão portuguesa, garantiu uma independência e um pluralismo na informação televisiva que a RTP dos anos 80 não tinha e obrigou o operador público a modernizar-se e a distanciar-se do poder político.
O que podia ser melhor?
A Lei da Televisão de 1990, que consagrou a abertura da televisão à iniciativa privada, não impunha aos operadores privados qualquer elenco de obrigações, nem sequer o cumprimento das promessas feitas no concurso público que lhes assegurou as licenças para emissão. O erro do poder legislativo apenas não teve consequências mais graves porque os dois operadores encontraram os seus nichos de mercado em formatos mais populares mas sem ultrapassar os limites aceitáveis.
Por onde passa o futuro da televisão privada?
O futuro da televisão privada passa pela sua capacidade de adaptação à era digital, desde a presença noutras plataformas até aos canais temáticos. As duas principais empresas privadas de televisão em Portugal são dirigidas por pessoas altamente qualificadas e atentas à evolução do sector, pelo que saberão adaptar-se à evolução dos media.
Há espaço para mais televisões privadas em sinal aberto?
Quer uma eventual privatização de um canal do operador público, quer o alargamento da oferta de canais proveniente da televisão digital terrestre terão um óbvio impacto nos operadores privados. A televisão digital é obviamente inevitável, mas é inquietante saber que não há qualquer decisão (nem mesmo reflexão!) sobre o modelo que o nosso país adoptará neste domínio. Seguiremos o modelo espanhol e inglês, entre outros, em que a nova oferta foi em grande medida preenchida por canais do serviço público, no caso inglês sem publicidade comercial? Neste contexto, a privatização da RTP1 constituiria um erro de graves consequências não apenas para os operadores de televisão privada como igualmente para toda a indústria audiovisual e sobretudo para os portugueses que teriam uma televisão com bem menos qualidade e diversidade.
Fonte: Briefing