A Sociedade Ponto Verde é constituída por um conjunto de empresas com a responsabilidade legal de reciclar: 54,2 por cento da sociedade é detido pela EMPOBAR, que representa as empresas embaladoras/importadoras; à Dispar, representante das firmas do comércio e da distribuição, cabe-lhe 20 por cento; com a mesma percentagem encontra-se a Interfileiras, que representa as empresas de produção quer de embalagens, quer de materiais de embalagem; e os restantes 5,8 por cento representam outros accionistas, como a Logoplaste, INESC e 14 câmaras municipais. Para além destes, foram várias as personalidades que intervieram com “a sua capacidade e empenho pessoal para a criação da entidade gestora, destacando-se o papel de Marcel Bottom, Manuel de Melo e António Barahona de Almeida”, refere o director-geral da Sociedade Ponto Verde, Luís Veiga Martins.
Em década e meia de actividade, a SPV tem-se esforçado para conseguir atingir os objectivos a que se propõe, no que toca à responsabilidade ambiental por parte dos portugueses. Para isso, a sociedade tem-se socorrido das várias campanhas nacionais que promove, alterando, significativamente, o cenário português na área da reciclagem. “Em 2006 apenas 41 por cento das pessoas fazia reciclagem em casa. Hoje, mais de 56 por cento dos habitantes faz reciclagem diariamente (32 por cento separando todos os materiais). Os números mostram que a população está cada vez mais atenta e preocupada com as questões da reciclagem e da prevenção do ambiente”, adianta ao Briefing Luís Veiga Martins.
Até o final deste ano, a SPV pretende valorizar 60 por cento do peso total dos resíduos de embalagens colocadas no mercado. Deste modo, a sociedade propôs-se a atingir metas mínimas, como reciclar 55 por cento desses mesmos resíduos, 60 por cento de vidro e papel/cartão, 50 por cento de metal, 22,5 por cento de plásticos e 15 de madeira.
No ano em que comemora 15 anos de existência, a Sociedade Ponto Verde reconhece que as campanhas televisivas têm sido “um auxiliar precioso na mudança de comportamentos dos portugueses”, afirma o director-geral. Quem não se recorda do macaco Gervásio, das entrevistas das embalagens que gostariam de mudar de vida, das crianças a apelarem aos adultos para reciclarem ou as celebridades que se associaram à campanha em 2008? É com estas “míticas” iniciativas que a sociedade pretende lembrar, constantemente, a importância da reciclagem para a redução da deposição de lixo em aterros, para a poupança das matérias-primas e para a poupança de energia.
Para além das campanhas televisivas, a Sociedade Ponto Verde tem noção de que são os mais jovens que dão o exemplo em casa relativamente à reciclagem. “Acreditamos que a SPV contribuiu para a formação da consciência ecológica das crianças”, adianta ao Briefing Luís Veiga Martins, referindo que, de acordo com o último estudo “Atitudes e Comportamentos face à separação de lixo/embalagens usadas”, realizado em Novembro de 2010, “nos agregados observados com filhos/netos de idade igual ou inferior a 14 anos, 35 por cento são separadores totais e 17 por cento separadores parciais”.
E se durante estes 15 anos de apelo da Sociedade Ponto Verde para reciclar ainda não o fez, agora deixa de ter como justificação o facto de o lixo ser todo junto novamente aquando da sua recolha; Luís Veiga Martins explica que, apesar de não se conseguir ver, geralmente, as viaturas de recolha são bi-compartimentadas. Isto é, “o conteúdo de cada ecoponto fica num compartimento específico, não havendo mistura – o que prejudicaria todo o trabalho de recolha selectiva”. Na realidade, este tipo de viaturas é uma forma de rentabilizar as recolhas, “tornando-as mais rápidas e menos onerosas”. Até porque, como adianta o director-geral ao Briefing, “se as embalagens fossem recolhidas em conjunto, dificilmente poderiam ter como destino a reciclagem. A SPV só paga aos municípios os resíduos de embalagens que são comprovadamente recebidos pelos recicladores”.
Catarina Caldeira Baguinho
Fonte: Briefing