Fazer uma televisão é caro e sem publicidade torna-se uma missão impossível. A queda dos canais espanhóis Veo 7 e 10 trouxe de volta o grande fracasso da TDT. A crise da publicidade deixou claro que a televisão não é para todos e quem tentou ganhar dinheiro com o novo modelo televisivo, como os proprietários do El Mundo ou do ABC, fracassaram. Em Espanha, não há dinheiro para as 24 cadeias televisivas em antena, o que obrigou a que os mais pequenos procurarem soluções de emergência, após dois anos de implementação do novo modelo.
Por isso, os meios televisivos mais pequenos lançaram-se em busca de partners que lhes possam gerar conteúdos e pagar-lhe uma taxa de acesso que lhes permita dar dinheiro a custo zero. É o modelo da Unidad Editorial e da Vocento que encontraram nas grandes produtoras de canais temáticos o seu melhor sócio para rentabilizarem um negócio que, há uns meses, era um pesadelo para as suas contas.
Estas operações têm estado patrocinadas por as trocas legislativas do actual governo espanhol. De recordar que há mais de um ano, o executivo decidiu reformular a lei do audiovisual para permitir o aluguer – não a venda -, a terceiros das frequências públicas da TDT. Até esse momento, as cadeias televisivas que quisessem entrar no negócio deviam ser accionistas das empresas adjudicatárias da licença.
Este dado não é menor, já que flexibiliza ainda mais o ingresso de terceiros operadores ao negócio da TDT, convertendo os sinais em meros alugueres. Ao abrigo desta modalidade, o El Mundo cedeu a AXN, a 13TV (a um grupo privado comprado posteriormente pela Conferência Episcopal) e realizou uma join venture com a Mediapro para explorar a Marca TV. Além disso, há umas semanas foi confirmado que o Veo 7 será administrado pelo Discovery Channel.
As informações que manuseiam o sector falam de que o aluguer anual de um sinal pode rondar os seis milhões de euros, o que inclui o controlo total da cadeia. Porém, a crise baixou completamente esse número.
A lei do audiovisual espanhola apenas sugere que as TDT tenham conteúdos de produção própria, mas não refere de que tipo devem ser. Por isso, as televisões locais preferem ceder a baixo custo os seus sinais a troco de que a cadeia se mantenha viva. Caso contrário, a licença podia ser revogada por parte do ministério da indústria. Resultado: as empresas de cadeias temáticas entraram no mercado espanhol com as melhores condições jamais vistas na história.
Desta forma, os novos inquilinos passam a aceder a uma cadeia de difusão nacional espanhol sem ter de participar em algum concurso de adjudicação, pagando um preço reduzido.
As novas cadeias televisivas entram em grande no mercado publicitário que, ainda que reduzido, as faz administrar a sua própria publicidade com cortes que, na sua maioria, são assumidos pelas suas matrizes estrangeiras. O Disney Channel é o maior exemplo deste modelo administrativo: recuperou 9,5 milhões de euros por publicidade durante o primeiro semestre deste ano, com quase dois pontos de média diária de share.
Fonte: PR