Continuamos a gerir em ambiente de instabilidade, o que faz com que não possamos dar nada por garantido, mas, de certa forma, ainda bem, pois é este desconforto que nos torna inquietos e atentos, qualidades que, tendencialmente, melhoram bastante o output em qualquer projeto. No entanto, mesmo neste contexto, acredito que existam três normativas que vieram para ficar e que vão marcar muito o trabalho dos marketeers este ano. Analisemos o seguinte:
- Hybrid goes viral: a palavra ‘híbrido’, que ganhou notoriedade no mercado automóvel, torna-se cada vez mais relevante e passa a ser incontornável para qualquer profissional cujas funções se centrem na comunicação e relação interpessoal. Os museus passaram a ter uma ‘ala online’, os maiores músicos do mundo lançam metade do álbum num concerto presencial e a outra metade em live stream nas redes sociais, sendo que os eventos vieram ganhar amplitude neste novo formato. A limitação espacial pode trazer exclusividade, mas a possibilidade de oferecer os conteúdos a uma audiência mais alargada, através de streaming, traz alcance, uma mais-valia de comunicação e posicionamento importante para as marcas. Coloca-se, pois, a questão: como manter a exclusividade? Podemos, por exemplo, selecionar um grupo de top clients e convidá-los a estarem presentes, oferecendo-lhes uma experiência mais envolvente e interativa enquanto uma audiência mais alargada é na mesma impactada pelos conteúdos e pode assistir ao evento a partir de qualquer lugar.
- Apostar em canais emergentes ou alternativos. É um facto que as gigantes tecnológicas Google e Facebook (ou melhor, Meta) estão saturadas. Todas as marcas investem nestas plataformas e a concentração de conteúdos é enorme, sendo cada vez mais difícil sobressair e só o conseguimos com uma aposta forte na criatividade das campanhas – que continua a ser um requisito obrigatório. Canais como o TikTok, o Twitch, o Pinterest ou o Spotify são alternativas ainda emergentes para as marcas e que, apesar do risco que representam pela necessidade de explorar novos formatos e/ou por não terem audiências tão consolidadas, oferecem a possibilidade de antecipação, destaque e visibilidade às marcas com uma enorme capacidade de segmentação.
- Imediatismo, imediatismo e imediatismo. O Instagram foi uma das primeiras redes sociais a apostar de forma inequívoca no imediato. As stories ganharam uma relevância superior a qualquer publicação em feed e se o objetivo da plataforma era mostrar ‘o mundo real’, conseguiram-no muito bem com este formato, uma vez que os feeds acabam por não conseguir este tipo de realidade. Mas, como tudo, o imediatismo tem um senão: rapidamente se perde no tempo, desaparece ou fica obsoleto, mas o impacto causado no momento em que fazemos o upload é superior a qualquer publicação corporativa e estática. Só quando as marcas mostrarem realidade e apostarem na interação é que conseguirão realmente criar comunidades interessadas e fiéis e, para tal, é fundamental apostar em conteúdos em tempo real.
Não incluí o metaverso nesta minha análise antecipada e fi-lo de forma intencional. É uma realidade que vai explodir iminentemente, mas ainda não será tendência em 2022. Com isto, não quero dizer que possamos procrastinar em relação ao tema ou ignorá-lo porque parece difícil de entrar e compreender, mas pelo contrário. Devemos estar atentos e começar a planear como vamos trazer as nossas marcas para o metaverso porque uma coisa é certa: quando entrarmos, já chegaremos tarde.
Carlota Varela Cid, responsável de Comunicação e Marketing da CBRE