Urgente é a “pausa” do Ricardo

Durante uma semana, de 6 a 10 de maio, Lisboa volta a ser o palco da criatividade nacional. Trata-se da Creative Jam, que termina com a 17ª edição do Festival do CCP, e que promete uma mão cheia de atividades. Ricardo Henriques é um dos curadores responsável por desenvolver o tema – “Urgente é a Poesia”. E com a performance “Pausa para Chichi”, que inaugura amanhã, pretende refletir sobre o impacto das falsas urgências.

Na poesia e na publicidade, urgente é a liberdade para se poder dizer: “Num mundo dissimulado dizer a verdade é um ato revolucionário.” Estas palavras escreveu-as George Orwell, e Ricardo Henriques utiliza-as para justificar o que é, afinal, urgente nas letras.

O autor e escritor foi literal e agarrou-se à poesia. Responsável pela curadoria das Letras propõe a performance “Pausa para Chichi”, com vários convidados que tomam a palavra numa homenagem a Ary dos Santos, Alexandre O’Neill e Joaquim Pessoa, que tanto foram publicitários como poetas.

“A comunidade publicitária pensa demasiadas vezes que está no centro do mundo, a começar por reclamar para si uma característica inerente a qualquer ser humano: a criatividade”. Mas, para os não-publicitários, a clássica pausa para publicidade é “um momento preenchido a fazer algo de verdadeiramente urgente, um chichi, por exemplo”.

A curadoria de Letras menospreza os “é para ontem” publicitários e tenta meditar sobre as urgências de uma comunidade maior – a humana. Assim, o escritor escolheu 10 poemas e partilhou-os com 10 pessoas, para os instigar a desbloquear importâncias e a escrever textos sobre o tema.

Pretende-se, assim, refletir sobre o impacto do tempo no processo de criação, e sobre as falsas urgências. É que, nas palavras de Ricardo Henriques, um trabalhador tem uma relação dúbia com a urgência: “Por um lado precisa dela para criar algo de novo, no meio da angústia criativa antes do penalty (leia-se ‘prazo de entrega’), por outro deve rejeitar as falsas urgências que só criam ruído e mau trabalho”.

Agora, o que é urgente para um poeta será diferente do que é urgente para uma marca? Ricardo Henriques pensa que sim. “A marca quer fidelizar e vender, um poeta verdadeiro quer abrir uma veia e deixá-la pingar, letra a letra, no papel”.

Urgente é a "pausa" do Ricardo

 

sb@briefing.pt

 

Terça-feira, 05 Maio 2015 11:02


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