Briefing | A Odisseias está no mercado há mais de 10 anos. Como é que a marca vindo a apostar na renovação e alargamento do portefólio?
Rui Piçarra | Se em 2005, apenas vendíamos experiências online, em 2008 demos um grande passo que foi a entrada no setor do retalho, garantindo assim presença em mais de 300 pontos de venda, que por sua vez nos aumentou os touchpoints com os clientes, tendo favorecido o crescimento da notoriedade da marca. Ainda neste ano, e aproveitando o know-how construído como empresa de experiências, foi criado o departamento de corporate, que tem como objetivo trabalhar diretamente com empresas para possibilitar que estas proporcionem aos seus colaboradores e clientes as melhores experiências. Em 2010, registou-se outra mudança na abordagem ao mercado e modelo de negócio, que foi seguindo os passos das empresas de vendas coletivas, sem nunca ter existido interesse numa mudança de posicionamento, ou seja, mantivemo-nos uma marca de experiências, mas procurámos ajustar o nosso “modelo de negócio” às condições que esta concorrência indireta trouxe para o mercado. Assim houve um grande investimento em comunicação online, nomeadamente na construção de base de dados de clientes, que vieram a catapultar a nossa presença no mercado online para outro patamar, sendo hoje a Odisseias uma empresa de referência no e-commerce em Portugal. Hoje a Odisseias trabalha diariamente com uma base dados de mais de dois milhões de clientes ativos. Já este ano, operámos quatro grandes alterações em termos de site. Dois negócios já testados na Odisseias foram verticalizados para sites próprios, desenvolvemos internamente o sistema de marcação imediata de experiências e voltámos a ter as experiências VIP.
Briefing | Essa renovação vai de encontro à estratégia de marketing da empresa?
RP | A Odisseias é a empresa em Portugal que domina o mercado das experiências, em termos de know-how, mas também na liderança de mercado que construímos nos últimos 11 anos. Com essa capacidade desenvolvida, a renovação passou por transformar o nosso produto e fazê-lo chegar a diferentes consumidores através dos mais variados canais. No online os nossos clientes têm a possibilidade de adquirir as nossas experiências sob a forma de vouchers ou packs. No retalho temos já uma liderança de 80% de quota de mercado, e qualquer pessoa pode comprar as suas experiências nos já conhecidos packs laranjas. Para o mercado corporate, adaptamos o nosso produto todos os dias ao permitir que as empresas deem a sua imagem aos nossos packs e tornem os presentes para os seus colaboradores e clientes em algo personalizado. A renovação da marca tem sido constante até porque, como líderes de mercado, é da responsabilidade da Odisseias a constante renovação. No caso do retalho, estamos a falar de um mercado que cresce 30% todos os anos, no qual somos líderes e onde temos de estar constantemente a inovar. Um exemplo foi a criação dos packs multitema, que ao contrário de serem uma seleção por categoria, como temos os packs de hotéis, spa, aventura, gourmet, criámos packs que celebram momentos, como o Feliz Natal, Obrigado, Parabéns, entre outros.
Briefing | E de que modo é que pode ser uma mais-valia para a Odisseias?
RP | Ao estarmos em tantos mercados diferentes, como se trata do online, retalho e empresarial, aumentamos exponencialmente o número de clientes da Odisseias, mas também o número de pessoas impactadas pela marca. Trabalhamos todas as marcas como uma estratégia única omnicanal que nos permite sempre passar a mesma mensagem, qualquer que seja o canal.
Briefing | A Odisseias contribui para a felicidade dos consumidores? Como?
RP | Thomas Jefferson, terceiro presidente dos Estados Unidos e o principal autor da Constituição norte-americana, considerava que a procura pela felicidade deveria ser um direito de todos os homens. Hoje sabemos que uma pessoa com memórias felizes e que tenha uma vida repleta de experiências será alguém com maior esperança de vida e com uma maior produtividade. A Universidade de Cornell estuda o papel que as experiências têm na vida de cada um de nós, e acaba de ser publicado um artigo que mostra que o nosso barómetro de felicidade começa a aumentar no momento em que recebemos de presente uma experiência. Pode ser um jantar, um dia no spa, uma escapadinha, e de forma automática a felicidade vai continuar a aumentar com a expetativa de realizarmos a experiência. No momento de aproveitarmos o presente, a experiência transforma-me em memórias inesquecíveis. Esta sensação não é comparável com alguém que receba um objeto de presente, “as experiências tornam as pessoas mais felizes porque permitem interpretações positivas”, refere o estudo da Universidade de Cornell. Há vários fatores que explicam esta preferência por receber experiências, o principal é que quando compramos ou recebemos uma experiência, idealizamos tudo de forma abstrata, mas perfeita.
Briefing | Porque decidiram premiar os colaboradores com uma viagem este verão?
RP | A Odisseias nasceu há 11 anos numa viagem de um grupo de jovens que os dois sócios fundadores organizaram a Marrocos. Lá nasceu a ideia de criar uma empresa que proporcionasse as melhores experiências, fossem viagens de sonho, aventuras cheias de adrenalina, refeições entre amigos ou simplesmente um momento de lazer que se tornem em algo único. No 10.º aniversário da empresa foi apresentado um desafio aos colaboradores, caso os objetivos de 2015 fossem atingidos com sucesso, toda a equipa iria a Marrocos festejar o sucesso que a empresa alcançou já nestes 11 anos. Os objetivos foram atingidos com distinção por todas as equipas, e em junho a Odisseias rumou a Marrocos durante 5 dias. Durante estes 5 dias, os 70 colaboradores da Odisseias estiveram a viver todo o espírito das experiências. A viagem inicialmente foi vista como uma recompensa pelo trabalho árduo de 10 anos, mas hoje percebemos que mudou completamente a forma como as pessoas vêm trabalhar todos os dias e como se sentem na empresa. Nunca achámos que teria este impacto, pois já realizamos todos os anos, em outubro, o kick-off onde reunimos toda a empresa durante um fim-de-semana. A verdade é que toda a equipa foi surpreendida pelos resultados alcançados em termos de motivação com esta viagem. Este foi também um projeto que motivou principalmente as equipas de backoffice, que não lidam todos os dias com a pressão de objetivos e vendas, como é o caso de equipas de marketing, informática ou financeiro.
Briefing | De que forma é que esse tipo de medidas pode contribuir para a produtividade da empresa?
RP | A solução para quem deseja colaboradores motivados passa por um sistema de recompensas eficaz, orientado para os objetivos da empresa, mas orientado também para o bem-estar dos colaboradores. No final, o nosso objetivo passa por ter colaboradores motivados e os resultados alcançados. O tipo de recompensas de uma empresa determina também o tipo de pessoas que uma empresa é capaz de atrair e consegue reter no futuro. A capacidade de atração e de retenção do talento é um dos indicadores da eficácia do sistema de recompensas na empresa que se inicia logo no momento de contratar e trazer um trabalhador novo para a equipa, e é aqui que deve mostrar a importância da inovação da empresa. Na Odisseias sabemos a importância de um sistema eficaz de recompensas para uma equipa motivada, e consequentemente atingirmos os objetivos. Trabalhamos isso, não só a nível interno com a nossa equipa, mas também com os nossos clientes através do nosso departamento de corporate.
Briefing | Que resultados registou a Odisseias em 2015?
RP | A Odisseias faturou 14,5 milhões, e o volume de negócios cresceu 17% em 2015. A Odisseias foi a sexta empresa portuguesa que mais cresceu em termos de faturação a nível europeu, de acordo com o ranking Inc. 5000 Europe de 2016. Só o departamento de Corporate — venda de experiência a empresas — cresceu 101% em 2015. Em termos de investimento, em onze anos a Odisseias apenas recebeu cerca de 95 mil euros de investimento, em capitais próprios.
Briefing | E quais as expectativas para 2016?
RP | Até ao final do ano esperamos reforçar a nossa equipa com mais 50 pessoas para apoio especial para a período do Natal. Só o departamento corporate prevemos que cresça 122%. No retalho o objetivo é, até dezembro, entrarmos em novas insígnias e atingirmos o número de 150 mil packs vendidos até 31 de dezembro. O site vai continuar a sofrer desenvolvimentos constantes, como a integração do sistema de reserva imediata para as experiências e outras funcionalidades que possam surgir e que vão permitir melhorar a experiência de compra do cliente.