Nas últimas décadas, tenho acompanhado de perto a forma como a reputação e a notoriedade das marcas se constroem. Se antes bastava investir em comunicação e em campanhas de marketing, hoje percebo claramente que a verdadeira força de uma marca nasce no interior das organizações, através das suas pessoas. São os colaboradores que, com a sua experiência e envolvimento, dão credibilidade ao posicionamento externo e sustentam a promessa da marca.
É neste ponto que o engagement assume um papel decisivo. Um colaborador que se sente ouvido, valorizado e envolvido é o primeiro embaixador de uma marca. E esta ligação, muitas vezes invisível, é a que mais impacta a perceção de quem está fora. Ao longo do meu trabalho, tenho visto que a forma como as empresas cuidam da relação com os seus colaboradores influencia diretamente a sua capacidade de atrair talento, reter equipas e inovar de forma consistente.
Ferramentas como o People Engagement Survey (PES) têm sido fundamentais neste caminho. Ao longo de uma década, o PES não só trouxe diagnósticos rigorosos sobre o estado do engagement nas organizações portuguesas, como também ajudou a identificar tendências e a transformar práticas de gestão. Mais do que um estudo estatístico, tornou-se um verdadeiro barómetro da relação entre colaboradores e empresas, permitindo às organizações alinhar políticas de pessoas com expectativas reais e em constante mudança.
O impacto vai além das métricas internas. Os seus resultados têm servido de guia para estratégias de employer branding, reforçando a notoriedade das empresas como marcas empregadoras. Uma organização que demonstra atenção genuína ao bem-estar, à inclusão e ao desenvolvimento das suas pessoas ganha credibilidade junto do mercado e constrói uma reputação sólida, que a diferencia na atração de talento.
Hoje, quando penso na reputação de uma marca, penso inevitavelmente no que acontece nos seus bastidores: no grau de confiança que existe, no orgulho em pertencer e no sentido de propósito que é partilhado. O People Engagement Survey tem sido, para muitas organizações, a ferramenta que dá visibilidade a essa realidade interna, transformando dados em insights e insights em ações concretas.
Acredito profundamente que uma marca forte começa sempre nas pessoas. E que estudos deste cariz são aliados estratégicos para qualquer empresa que queira unir notoriedade externa com consistência interna. Afinal, uma boa reputação constrói-se todos os dias — dentro das empresas, através das suas equipas.
Gonçalo de Salis Amaral, Head of People & Culture Consulting da Cegoc