“Toda a nossa humanidade depende de reconhecer a nossa humanidade nos outros”; “Da conduta de cada um depende o destino de todos”; “Sê a mudança que queres ver no mundo”. Todos nós já ouvimos frases como estas e que de tanto as ouvir quase se tornam chavões ou memes motivacionais. Mas o que têm todas estas frases em comum? Todas elas foram proferidas por grandes homens, como Desmond Tutu, Alexandre Magno e Mahatma Gandhi, arquitetos de mudança. Não são palavras ocas, são manifestos de esperança nascidos de ações concretas e que representam a convicção profunda de que a mudança individual é o primeiro passo para a transformação coletiva. Assim como estes líderes transformaram realidades, também as empresas podem e devem ser agentes de mudança, transcendendo o mero objetivo de lucro para se tornarem vetores de transformação social.
Mas têm efetivamente esta obrigação as empresas? Sou da opinião que as empresas do século XXI não podem ser meras observadoras. Enquanto diretora de marketing e comunicação de uma grande empresa como a FNAC, assumo o compromisso diário de transformar cada ação da FNAC num instrumento de desenvolvimento cultural e social. Não se trata apenas de vender livros, tecnologia ou música, mas de promover conhecimento, inclusão e desenvolvimento humano. Sabemos que as entidades públicas nem sempre conseguem responder a todos os desafios sociais. É aqui que as empresas com propósito podem fazer a diferença.
Muitos de nós ainda vivem numa bolha. Num mundo onde a inclusão existe, onde não há racismo de qualquer espécie, onde não existem desigualdades de oportunidades e de acesso ao conhecimento, onde todos somos iguais e temos acesso a tudo de igual forma. Mas essa é a realidade de alguns, há quem parta de posições bastante menos favoráveis. Há jovens que nunca saíram do bairro, que acreditam que estudar não é para eles e que têm sorte se conseguirem sobreviver. Não sonham simplesmente porque não vale a pena. Acredito que todos merecem o seu sonho e que é possível ajudar a concretizar esses sonhos.
O que podem as empresas fazer em concreto para ajudar? A lista é infindável, na verdade, porque há tanto por fazer. Dar dinheiro não é solução, dirão alguns. A verdade é que também ajuda. E é igualmente verdade também que a tão menosprezada cultura pode ser um motor de transformação social. Um livro é uma arma contra a ignorância, a desigualdade e a exclusão. Quando falamos em cultura, não nos referimos apenas a eventos ou manifestações artísticas, mas a um processo complexo de compreensão do mundo. Através da cultura, quebramos barreiras invisíveis. Eliminamos preconceitos. Acredito que todos podem chegar onde quiserem e que isso é possível se tiverem acesso a livros, a mentores, a cultura, a sítios e pessoas que podem abrir novos caminhos.
Este Natal, a FNAC juntou-se à Mundu Nôbu para fazer uma grande recolha de fundos solidária para transformar as vidas de centenas de jovens, inspirando os participantes a atingir o seu máximo potencial nos mais diversos setores da sociedade, seja através da educação, participação cívica ou celebração cultural. A Mundu Nôbu é uma ONG fundada por Dino D’Santiago e Liliana Valpaços e tem como missão mudar mentalidades e valorizar jovens de comunidades menos representadas, proporcionando-lhes as ferramentas e oportunidades para se tornarem vozes ativas na sociedade. Esta iniciativa não só reconhece o potencial destes jovens, como também abre caminho para um futuro mais inclusivo e justo. Não tenho dúvidas que este projeto vai mudar a vida de muitos jovens, mas sobretudo vai mudar a vida de todos nós. Porque com uma maior representatividade e integração de grupos desfavorecidos, nós também vamos ver o mundo com outros olhos.
Esta parceria com a Mundu Nôbu, a casa onde os sonhos não morrem, é um convite a todos a oferecer um futuro melhor. É um lembrete de que, juntos, podemos construir um mundo novo, onde cada jovem tem a oportunidade de brilhar e contribuir para uma sociedade mais equitativa e inclusiva.
Está no nosso sangue dar vida aos sonhos, dando palco a milhares de artistas e autores nos nossos palcos. A FNAC cultiva a diferença. Juntos podemos também fazer a diferença, por mais pequena que seja, na vida destes jovens.
Inês Condeço, diretora de Marketing e Comunicação da FNAC