Os metais preciosos também chamados de metais nobres

O responsável da Leitão & Irmão Joalheiros e sócio-fundador da Laurel, Jorge Leitão, explica, na 1.ª Pessoa, como a forte subida do ouro impacta a joalharia, exigindo um maior investimento num produto onde o design tem uma grande importância.

Os metais preciosos também chamados de metais nobres

Comecemos por esse fim. Metais nobres porque, no geral, não se alteram com o que os rodeia. Mantêm-se tal e qual. São o que eram. 

Os metais nobres, ouro, platina e prata, entre outros menos divulgados, estão próximos da eternidade, que, no geral, é inalcançável pelo comum dos mortais. 

Desde o alvor da espécie humana que o fim da vida é uma inquietação presente, por exemplo, nos desenhos que nos chegam do dito homem primitivo em cavernas diversas ou em obras de arte inigualadas, como a máscara de ouro de Tutankhamon, que governou o Egipto dos Faraós cerca de 1300 A.C.. Somando aos 2.100 anos da nossa era, a máscara de ouro foi manufaturada há cerca de 3.500 anos. Está novinha em folha. Podem visitá-la no Museu Egípcio, no Cairo. O ouro tem este apelo fantástico da proximidade com o eterno.

O ouro é caro, porque é raro, finito e custa muita energia obtê-lo. A energia, fóssil, solar, nuclear ou outra, é cara. Uma mina de ouro é um parque industrial de dimensões colossais com linhas férreas, estradas, fornos de altas temperaturas e edifícios próprios. Os veículos pesados usados para transporte do minério são construídos especialmente para o propósito. Há minas de ouro offshore tal qual plataformas de petróleo. 

Uma mina de ouro rica, quer dizer de onde se extrai muito ouro, dará perto de cinco gramas de ouro por uma tonelada de minério. Retirar, transportar e tratar uma tonelada de minério para obter cinco gramas de material (ouro) custa muita energia. O primeiro fator no preço do ouro. Custo de extração.

Outro fator é a raridade. Quanto maior a procura, maior é a evidência da raridade de um determinado produto. Em tempos de incerteza – que sempre houve, agora são é mais rápidos –, o que perdura, o que não se altera, tem significativo apelo. Para mais, ao contrário de valores virtuais, o ouro é fisicamente de fácil transporte, reconhecido em qualquer local ou civilização da atualidade no nosso mundo. Os valores virtuais são desconhecidos de uma grande parte da população mundial. Os ativos, como a arte, têm geografias limitadas e o imobiliário agarrado ao local onde está vulnerável a essa imobilidade. Seja a guerra, seja passar de moda. 

Em resumo… Ouro. Matéria-prima que não se deteriora com o tempo e sem custos de manutenção. Raro e caro de extrair. Finito. Apreciado desde os primórdios da humanidade. Fácil de ter e de transportar, acumulando valor significativo em pequeno volume. Transacionável fisicamente em todo o mundo. Acresce que é apelativo, brilha, é bonito. 

Características que também o tornam vulnerável à especulação quando a representação da riqueza (dinheiro impresso, vulgo notas) é disponibilizada em quantidades que suscitam fundadas duvidas quanto à real correspondência da riqueza representada. 

O ouro mantém-se universal, raro, bonito, apelativo e transportável. 

A forte subida do ouro impacta a joalharia, exigindo maior alocação de capital num produto onde o design tem uma importância crescente. O mundo da joalharia junta duas matérias-primas de eleição.

Jorge Leitão, responsável da Leitão & Irmão Joalheiros

Quinta-feira, 24 Julho 2025 12:15


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