2017, o ano das mulheres. Palavra de Marcelo Lourenço

Marcelo Lourenço, um dos diretores criativos da Fuel, não tem dúvidas de que “2017 foi, antes de qualquer coisa, o ano das mulheres”. Mas o que o leva a afirmar isso? Exemplos no mundo da comunicação, do cinema à televisão, da publicidade à política. Com direito a citação da “dama de ferro”. E a uma campanha da casa.

 

Eis as escolhas de Marcelo, que se ficou pelo melhor e deixou o pior de fora:

“Foi o ano em que começou a queda do temível Harvey Weinstein, um dos maiores produtores de Hollywood que, veio a descobrir-se, era um canalha, um bully violador de mulheres. Veio a descobrir-se é uma maneira simpática de se dizer porque, aparentemente, toda a gente já sabia disso no meio cinematográfico.

Foi preciso uma, duas dezenas de mulheres. E, finalmente, um movimento conjunto de mulheres a chegarem-se à frente para a coisa ficar pública. Não é por acaso que o movimento #metoo (o hashtag com o depoimento de mulheres que já sofreram assédio) foi eleito a “personalidade do ano” pela revista Time.

Por falar em assédio, lá terminamos o primeiro ano com Donald Trump como presidente – o primeiro presidente americano assumidamente racista, xenófobo, misógino, anti imprensa livre, mentiroso e defensor dos ricos e poderosos. Ou seja: um vilão de banda desenhada.

E quem fez o primeiro grande discurso contra este presidente execrável? Uma mulher, claro. A grande Meryl Streep (sempre ela), que aproveitou o seu discurso na entrega dos Oscars e disse o que toda a gente ali estava a pensar.

Por falar em heroínas, 2017 esteve cheio delas.

Melhor filme de ação de 2017? “Wonder Woman”, o primeiro filme baseado numa BD a ser realizado por uma mulher (Patty Jenkins). E, se as previsões estiverem certas, o primeiro filme do género a ser indicado ao Oscar de melhor filme.

Melhor personagem da TV em 2017: Daenerys Targaryen, a “Mother of Dragons” da série “Game of Thrones” que cavalga dragões enquanto consegue ser sexy, bonita e tomar as decisões que nenhum dos homens da história é capaz de tomar. Go, girl!

Na publicidade não foi diferente – a grande campanha de 2017 foi “Fearless Girl”, a estátua da miúda que desafia o maior símbolo do poder macho-man do século XX – a estátua do touro em Wall Street. A estátua de bronze da miúda foi colocada como uma ação de guerrilha em frente ao famoso touro, ganhou centenas de prémios, incluindo três Grand Prix em Cannes e já se transformou no ponto turístico com mais selfies da cidade de New York.

Num ano tão feminino, um pai de duas raparigas como eu, me sinto muito orgulhoso de dar um pequeno contributo. O filme “Doutor”, criado por mim e pelo Pedro Bexiga para a Associação de Mulheres Contra a Violência. Com a realização do grande Fred Oliveira, foi um dos filmes portugueses mais premiados de 2017 e se tudo der certo, será um filme completamente ultrapassado e desnecessário num futuro próximo.

E assim foi 2017. Citando Margaret Thatcher:

“Se querem que algo seja dito, peçam a um homem.

Se querem que algo seja feito, peça a uma mulher”.

É por isso, que tanta coisa importante foi feita este ano.

Parabéns, meninas”.

 

briefing@briefing.pt

 

Quinta-feira, 04 Janeiro 2018 12:34


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