Briefing | A Uzina está a comemorar 15 anos. Que balanço?
António Roquette | Sentimo-nos exatamente como se sente um miúdo de 15 anos. Muito novos, a entrar na fase melhor das nossas vidas e com a mesma vontade de fazer diferente que tínhamos quando começámos. Uma das coisas que nos dá mais gosto para este marco é saber que podemos convidar para a festa de anos os nossos amigos de infância, que é como quem diz os clientes que estão connosco desde o início. Não há balanço mais positivo do que ver os clientes que temos vindo a ganhar ao longo destes 15 anos ainda cá estarem connosco, alguns deles há precisamente 15 anos.
Foram 15 anos sempre a crescer e onde as exigências mudaram radicalmente ou não tivéssemos assistido a uma profunda alteração do consumo da informação, quer pela espetacular evolução dos meios tecnológicos nomeadamente no mobile e nas televisões e, claro, o surgimento das redes sociais que alteram muitíssimo a forma e a velocidade da comunicação.
Briefing | Como tem enfrentado estes últimos anos de retração do investimento publicitário?
AR | Aumentando o portefólio de clientes. Este período implicou uma pressão ainda maior nos preços, nem sempre acompanhada com uma diminuição da carga de trabalho, o que implicou fazer mais por menos que foi compensada com o aumento de número de clientes.
O mercado mudou muito nestes últimos 15 anos. As agências nacionais têm uma elasticidade que as multinacionais não têm. O projeto Uzina assentou muito na capacidade da multidisciplinaridade verdadeiramente integrada, centrada na capacidade criativa para responder nas diferentes áreas. A grande aposta foi ter sempre uma equipa extensa e sénior de criativos que nos permita grande capacidade de resposta.
Briefing | O que diferencia a criatividade made in Uzina?
AR | Diria que alguma irreverência. Temos algumas campanhas que têm sido faladas e que conseguem altos índices de notoriedade, muitas vezes com baixo investimento em meios. O Licor Beirão é um bom exemplo, mas poderíamos falar também do Wall Street English, da KIA ou da easyJet e por aí fora.
Briefing | Sendo uma agência nacional, está prevista a expansão para outros mercados, nomeadamente lusófonos?
AR | Nos mercados lusófonos, e aqui estamos essencialmente a falar em Angola e eventualmente Moçambique, só é possível entrar de duas formas, ou com um cliente de Portugal que também esteja nesses mercados ou entrar com um sócio local. Não tem sido estratégia nossa uma procura proactiva para esses mercados. Espanha tem sido o nosso objetivo e é para nós um mercado importante. Já exportamos cerca de 20% da nossa criatividade para Espanha, temos um acordo com uma agência em Barcelona e equacionamos abrir este ano um escritório em Madrid.
Briefing | Que perspetivas para 2014?
AR | Muitas e boas. Iniciamos o ano com dois novos clientes importantes e sentimos um reforço, nalguns casos significativo, do investimento dos nossos clientes. Estando apenas em março já com este resultado, estou convencido que será talvez um dos melhores anos de sempre para a Uzina. Temos um plano para fazer crescer ainda mais a nossa carteira de clientes até ao final do ano e se tudo correr como o previsto desenvolver também em Espanha.