A Mónica declara o estado de eficácia

“Está decretado o estado de eficácia. Porque nós merecemos”. É assim que a presidente do júri dos XVI Prémios à Eficácia, Mónica Serrano, remata a entrevista sobre a edição deste ano. A também Chief Marketing Officer da L’Oréal Portugal diz que a indústria deu provas de bom trabalho e foi também ela eficaz na parceria entre anunciantes e agências. O resultado final é conhecido hoje, a partir das 17h, na habitual gala, este ano, virtual, e com transmissão em direto no site dos prémios.

 

Briefing | Quais os desafios inerentes a avaliar a eficácia de uma campanha?

Mónica Serrano | Avaliar a eficácia de uma campanha passa por juntar três grandes desafios, como se quisessemos juntar três produtos de maquilhagem para obter o look perfeito.

Primeiro, é imprescindivel conhecer bem a nossa pele e escolher a base certa, o mesmo para uma campanha: é fundamental conhecer os nossos consumidores e escolher a audiência correta. Cada marca e cada campanha têm um perfil de consumidor, como cada pele tem a sua base ideal, cabe-nos a nós encontrá-lo.

O segundo é o contouring, aquilo que são os caminhos e traços onde queremos deixar a marca da nossa campanha e que são os meios e touchpoints onde estamos presentes. Sem saber onde encontrar a audiência, onde fazer parte da sua rotina, onde entrar no momento certo e com a frequencia certa na sua vida, é como aplicar um sombreado que nos acentua as olheiras. Cada campanha e cada marca tem zonas de destaque, USP, mensagens e verdades que tem de comunicar com clareza e precisão, nos lugares certos, como quando colocamos um iluminador nas zonas que mais nos favorecem.

O terceiro, a criatividade, o conteúdo, o batom que dá cor e vida à nossa comunicação. Sem diferenciar a criatividade no contacto com o consumidor, sem lhe chamar a atenção para os elementos que fazem das marcas entidades unicas e insubstituiveis, sem que o conteudo seja criado, trabalhado e desenhado para gerar emoção, impacto e conectividade com o publico alvo, é como borrar o batom quando se tem a maquilhagem perfeita.

A beleza da comunicação entra nesta mala de maquilhagem com os seus três produtos de eleição, mas que só funcionam em conjunto e nunca dissociados. A eficácia é o espelho que nos mostra a boa combinação dos três fatores num resultado final que tem de ser sempre mensurável.

 

O que houve de mais desafiante nessa missão? Afinal, eram 113 candidaturas…

Uma missão única e, de facto, muito desafiante. São 16 categorias, dezenas de mercados e áreas distintas, 113 casos que analisámos com todo o detalhe, 113 casos que discutimos e trocámos impressões e know-how, foram muitas horas dedicadas. As reuniões que o júri teve foram, na sua grande maioria, via digital, à distância, o que fez desta missão ainda mais desafiante.

Foi também uma missão muito gratificante, onde tive oportunidade de assistir em primeira mão à seriedade, profissionalismo, organização e dedicação da APAN e da Exoticology a estes prémios e, acima de tudo, foi um enorme privilégio trabalhar com 11 enormes profissionais, que me ajudaram bastante nestes ultimos meses; o talento, energia e boa disposição deste grupo foram chave para esta missão ter sido (tão bem) conseguida!

 

A resposta da indústria a estes prémios significa que a demonstração da eficácia está cada vez mais presente quando se desenha uma campanha?

Numa altura em que os investimentos são cada vez mais otimizados, onde ser relevante é um desafio constante, a eficácia de uma campanha nasce no momento do brief. Ficou muito bem demonstrado que marcas e agências trabalham cada vez mais em parceria.

Estes prémios são também, isso mesmo, o resultado do (bom) trabalho entre anunciantes e agências, que participam em conjunto, mostrando a importancia que há nesta ligação. Numa altura em que o trabalho em equipa é tão desafiante, estes projetos são ainda mais valorizados!

Ficou claro nesta edição que a eficácia, na maioria dos casos, foi pensada desde o início; com a definição de objetivos SMART desde o desenho da campanha.

 

Esta edição, já o referiu, ocorre num contexto muito específico. Diria que está a ser particularmente difícil para a indústria da comunicação? Em que medida?

Vivemos num contexto sem paradigma, onde o medo do presente se cruza com a incerteza do futuro e isso, naturalmente, afeta a indústria da comunicação. Os investimentos de media tiveram uma queda de -21% (JAN-SET) vs 2019, segundo dados do GroupM.

Os anunciantes, de forma geral, sofreram cortes de budget na área da comunicação e todas as iniciativas passam a ser muito mais criteriosas.

Por outro lado, e, felizmente, vemos também no mercado português marcas que se reeinventam, que passam a servir melhor a sociedade, marcas que repensam o seu propósito, que se tornam mais inclusivas e responsáveis, que respondem às novas necessidades dos consumidores – estes procuram mais conveniência, são mais preocupados com a sua saúde e bem-estar e que querem uma comunicação mais transparente e trustable.

A criatividade sofreu, mas fez-se mais e melhor com menos (budget e condições). A cooperação e o brainstorm sofreram, mas também se souberam reinventar digitalmente. Os touchpoints alteraram-se, mas nunca se “consumiu” tanta media como hoje.

É, pois, uma edição que ocorre num contexto de forte mudança, onde a comunicação eficaz vale mais do que nunca.

 

 Esta entrevista pode ser liga na íntegra na edição impressa da Briefing de novembro.

fs@briefing.pt

 

Quinta-feira, 19 Novembro 2020 12:43


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