Segundo os dados, em 99% dos lares portugueses há pelo menos um televisor, em 92% um telemóvel, em 70% um computador portátil e em 68% um tablet. Equipamento que, segundo o relatório, estão nos espaços comuns da casa, ao alcance das crianças e, em alguns casos, ate lhes pertencem. “As crianças apropriam-se dos dispositivos comuns e conseguem manuseá-los com facilidade. Muitas vezes os pais reconhecem que o comando do televisor é delas”.
Mas é a televisão que domina, com 94% das crianças a ver conteúdos televisivos todos os dias, em média 1h41 minutos (um valor que sobe aos fins de semana). Os conteúdos televisivos que os pais reportam como os preferidos dos filhos são desenhos animados, programas infantis e para a família. Os pais dizem que as crianças veem o canal Panda (87%), a TVI (73%), a SIC (70%), a Disney (69%) e a RTP1 (66%). Todos os dias 75% das crianças veem o Panda, 56% os canais Disney e 46% a TVI.
De acordo com o relatório, a televisão funciona não só como “pano de fundo” ou “babysitter” é também percebida pelos pais como um meio apaziguador. É utilizada, por exemplo, para distrair a criança quando está a ser vestida ou alimentada, quando está a adormecer ou para acordar. É igualmente neste quadro que se pode perceber porque os tablets são considerados dispositivos adequados para as crianças – funciona como o ecrã portátil – as crianças fazem uso do tablet em dois terços dos lares onde há este dispositivo, com ou sem a tutela dos pais e irmãos mais velhos, e 63% têm um pessoal.
Segundo os resultados do inquérito, 38% das crianças acedem à internet, sendo o tablet o dispositivo mais usado para este fim (63%). Conteúdos ligados a televisão, vídeos de desenhos animados e jogos são os mais procurados quando as crianças navegam na internet.
Os pais são, eles próprios, utilizadores frequentes de meios digitais: 80% declaram-se utilizadores de internet e 68% acedem diariamente à rede, sobretudo em casa (96%).
Quanto aos riscos associados, a maior parte dos pais manifesta preocupações com o uso da internet pelos filhos sem vigilância, mas também em relação aos conteúdos televisivos. Um total de 81% dizem proibir o visionamento televisivo a partir de determinada hora e 63% interditam programas que não sejam para crianças.
“Tanto a abordagem quantitativa como a qualitativa deste estudo indiciam que o nível socioeconómico e a escolaridade influenciam os usos de meios eletrónicos pelas crianças. Por exemplo, as famílias de condição escolar mais baixa têm mais aparelhos digitais em casa e consomem mais conteúdos da televisão generalista. As crianças de famílias de um estrato socioeconómico mais elevado são as que mais usam a internet. A idade das crianças também constitui um fator relevante na observação dos modos como se relaciona com os dispositivos eletrónicos”.
O estudo “Crescendo entre Ecrãs. Usos de meios eletrónicos por crianças (3-8 anos)” teve o contributo científico de uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e combina um inquérito nacional, realizado pela GFK, e trabalho de campo junto de 20 famílias com crianças que acedem à internet.

