A confirmação do negócio entre a Altice e a Prisa aconteceu sexta-feira em conferência de imprensa protagonizada pelo presidente executivo do grupo francês, Michel Combes, que se referiu a esta aquisição como “oportunidade única”: “É a primeira vez que juntamos a maior empresa de telecomunicações com a maior empresa de comunicação social. Estamos muito entusiasmados com esta associação”.
O primeiro investimento será feito no digital: “Com a nossa capacidade tecnológica será o primeiro negócio em que queremos investir”, anunciou, adiantando que o objetivo é fazer com a Media Capital o que está a ser feito com a PT: “Aproveitar os melhores ativos do país, desenvolver, fazer crescer a companhia”.
Uma estratégia que pode passar por aumentar o portefólio da Media Capital: “Achamos que é possível desenvolver novos canais para as várias plataformas e que o negócio pode crescer aí, também”.
Trata-se de aproveitar a capacidade de produção da Media Capital e levar os seus programas e canais para os outros países onde a Altice tem negócios.
Queremos que a Media Capital cresça e se torne mais importante ao nível de notícias locais, nacionais e internacionais. Com estratégias ao nível de conteúdo, com produção de séries e filmes”, adiantou.
Este projeto será concretizado com Rosa Cullell, que se mantém na administração: “A companhia tem sido muito bem gerida, num contexto difícil, em que publicidade desceu nos últimos anos”, justificou o presidente da Altice.
Michel Combes garantiu que não haverá despedimentos: “Não estamos a despedir na PT, não há qualquer intenção de fazê-lo na Media Capital”.
Este é um dos vértices da polémica gerada em torno deste negócio, nomeadamente com o Bloco de Esquerda a falar em fraude e acusar a Altice de comprar a TVI quando está a equacionar despedir mais de três mil trabalhadores na PT.
A polémica envolve também a NOS, cujo presidente executivo, Miguel Almeida, já disse publicamente que não faz sentido as operadoras de telecomunicações serem donas de conteúdos.
Já hoje, outro grupo de comunicação social – a Impresa, detentora da SIC – fez saber, em comunicado, que “é, e sempre foi, a favor da concorrência leal num mercado que funcione de forma sã, bem como do pluralismo da comunicação social”. “Estamos confiantes de que os reguladores portugueses e europeus terão estes dois princípios em conta quando se pronunciarem sobre a operação em causa”, afirma o grupo.

