À margem do XII Congresso Nacional de Radiodifusão, Emídio Rangel refere ao Briefing que hoje em dia é difícil, para uma rádio, trabalhar para todos os estratos etários, que é “dificílimo pôr uma rádio a funcionar para todos os estratos socioeconómicos” e que é “quase impossível” haver uma “rádio que consiga captar o interesse de todas as regiões do País”.
Nesse sentido, Rangel exemplifica com a criação da TSF. “Antes de abrir a TSF, defini que era uma rádio para as classes A e B e uma rádio de informação que quando não tivesse notícias estava a dar música”, refere acrescentando que definiu um alvo bem definido e que é cada vez mais isso que vai acontecer porque “a ideia de se fazer uma rádio generalista que passe fado, que passe música folclórica [para agradar aos diferentes segmentos], é uma ideia que fica ultrapassada”. “Depois não se agrada nem a gregos, nem a troianos”, afirma.
Indagado sobre as conclusões do grupo de trabalho que esteve a analisar o serviço público de rádio e televisão, Rangel considera que o grupo é “ignorante sobre o assunto que estava a tratar”. “O senhor Duque que fale de Economia, agora falar de televisão, de rádio, de interacção entre os meios, de jornalismo? Vamos ter maneiras, não é?”, critica.
A título pessoal, Rangel não concorda com a alienação de um canal de televisão: “A principal missão de uma estação de serviço público em televisão é chegar aos diferentes públicos, mas se pretende chegar com um só canal acaba por estragar tudo”, comenta o fundador da TSF ao Briefing.
“Não se consegue chegar às elites e, simultaneamente, satisfazer as grandes massas. Não há um mesmo tipo de programação que seja aceite pelas elites e pelo grande público: isto é o bê-à-bá da comunicação. É preciso, pelo menos, dividir em dois!”, conclui Emídio Rangel.
Filipe Santa-Bárbara
Fonte: Briefing