Assim, na opinião da ex-diretora criativa da Lintas, “os melhores trabalhos inscritos são de pequenas marcas ou então são pequenos projetos de grandes marcas”. O que atribui a essa falta de ousadia e coragem e não a uma crise criativa: “Não acho que vivamos uma crise criativa ou de talento nacional, vivemos uma crise financeira e uma crise económica, são coisas diferentes”.
Este ano, o número de trabalhos inscritos cresceu. Para Susana Albuquerque, isso significa que Cannes continua a ser o festival internacional de referência para a maioria das agências, sobretudo para as networks internacionais: “Pode-se cortar em muita coisa, mas não se corta nas inscrições em Cannes. Ganhar um leão é ser notícia. Ser uma das networks do ano é garantir negócio global”, sustenta.
E nesse processo de atribuição de leões há cinco portugueses com uma palavra a dizer, um número que “é reflexo do investimento que Portugal faz em Cannes e dos resultados que o país tem nas diferentes categorias”. “Penso que o critério é convidar jurados dos países de onde vem o trabalho premiado”, afirma.
Em Press, em que Susana Albuquerque é jurada, são 46 as peças portuguesas sujeitas a escrutínio. É o maior número de inscrições nacionais numa categoria, o que atribui ao facto de ser uma categoria que envolve menos meios de produção – “Basta uma foto, uma ilustração ou até apenas uma tipografia para executar uma boa ideia. Na maior parte das categorias isso não se aplica. É natural que imprensa seja uma categoria de eleição para países onde as grandes produções quase não existem”.
E para merecer um leão de ouro, um trabalho de Press deve ter, na sua opinião, “frescura e emoção, que continuam a viver dos mesmos três critérios de sempre: excelência de pensamento, excelência na execução, relevância para a marca e para o consumidor”.
De Cannes, a diretora criativa da Tapsa espera que Portugal traga leões. Espera e acredita: “Acho que vai trazer leões. Acho que temos boas razões para pensar que isso vai acontecer”.
Fonte: Briefing