Briefing | Qual o balanço deste primeiro ano de Savvy?
Diogo Figueiredo | É francamente positivo. Em novembro de 2013 foram 5 os profissionais com valências distintas que acreditaram e abraçaram o projeto Savvy, em detrimento de propostas mais “seguras”. Foi um ano que exigiu muito de nós, tanto a nível profissional como pessoal. Apesar da estabilidade que já conseguimos alcançar, temos plena consciência de que não é num ano que se consegue o equilíbrio duma empresa no ramo da publicidade. Todos nós – agora 9 profissionais – trabalhamos diariamente para provarmos o nosso valor e sermos valorizados, tanto por outros profissionais da área, como pelas marcas, que cada vez mais nos procuram. Felizmente, as pessoas têm vindo a identificar-se com a nossa forma de trabalhar no dia-a-dia e a liberdade com que encaramos cada projeto. Sentimos que isso nos trouxe um reconhecimento no meio como “piratas da publicidade”.
Briefing | Numa altura em que o investimento à publicidade é mais reduzido, o que motivou este projeto?
DF | A Savvy nasceu como consequência e, simultaneamente, como resposta a essa redução do investimento em publicidade. Perante esta retração por parte das marcas, as “grandes agências” veem o seu rendimento substancialmente reduzido, tornando-se mais difícil manterem os seus criativos e enormes estruturas. Nós, por outro lado, temos uma estrutura fixa reduzida, com equipas flexíveis e mutáveis consoante cada projeto. Desta forma, conseguimos manter uma estabilidade financeira que nos permite manter os nossos profissionais e, ao mesmo tempo, oferecer ao mercado propostas financeira e qualitativamente mais competitivas.
Briefing | E qual a estratégia adotada para afirmar a Savvy enquanto agência no mercado nacional? Foi difícil?
DF | Fácil não tem sido, mas acreditamos que este contexto de retração no investimento tem criado oportunidades a novas agências como a Savvy e a novas ideias. A nossa afirmação no mercado nacional tem sido possível através de uma adaptação a esse novo contexto, com uma estratégia que passa por desenvolver propostas realistas e impactantes. As marcas são agora mais racionais nos seus investimentos e procuram resultados práticos das suas ações. Se toda a implementação de um projeto produzir os resultados esperados pelo cliente, este voltará a falar connosco e o crescimento da marca dele vai obrigatoriamente refletir-se no nosso crescimento. Seja ele no aumento de volume de trabalho ou de projeção do nosso trabalho.
Briefing | Mas o que diferencia a oferta da Savvy das demais agências?
DF | A oferta da Savvy diferencia-se em dois aspetos fundamentais: aquilo a que apelidamos de “equipas lego” e o facto de questionarmos as marcas muito para além daquilo que nos é pedido. Nesta equipa, já todos passámos por grandes agências e conhecemos os vícios que se criam na relação com as marcas. É na tentativa de manter sempre uma abordagem atual e criativa nas nossas propostas que, para além da sua equipa fixa, a Savvy incorpora outros colaboradores que tem “em carteira”, das mais diversas áreas, nos diferentes projetos. Aqui procuramos complementar a nossa visão do problema com profissionais de outras áreas que nos trazem perspetivas diferentes e nos permitem fazer uma abordagem mais alargada ao problema em questão. Isto leva-nos a questionar verdadeiramente as marcas, não caindo no erro comum de responder apenas ao que nos é pedido, sem uma reflexão aprofundada sobre o desafio em questão.
Briefing | A Savvy assume-se como especialista em Pirate Communication. Como é que se reflete no vosso trabalho?
DF | O uso dessa designação reflete uma abordagem à comunicação que se traduz em vários aspetos.
Vemos muitos criativos a largar o “navio” que são as grandes agências, para embarcar em pequenos botes como a Savvy, na tentativa de romper com um sistema na procura de novos espaços de liberdade criativa para, assim, conquistarem o seu espaço no mercado. Não é novidade que cada vez mais profissionais da área se juntam à sua dupla ou constroem a sua própria equipa/agência. Isto vem modificar as leis do mercado, obrigando a uma restruturação e mudança de posicionamento dos players dentro dele. No caso da Savvy, o termo “Pirate Communication” reflete a forma como defendemos a liberdade criativa plena dos nossos criativos, mas também a forma como “pirateamos” este mercado em mudança na procura do melhor talento, reforçando a equipa com recursos externos multidisciplinares, à medida dos diferentes desafios. À semelhança do que fazem os piratas, também nós navegamos em procura de novos portos e das suas riquezas, mantendo-nos “abastecidos” e, ao mesmo tempo, atualizados com as novidades/tendências que esses novos recursos nos trazem.
Ao nível das propostas que apresentamos, esta nossa abordagem reflete-se fundamentalmente na atitude de questionar o briefing, pelo facto de muitas vezes não nos conformarmos que a “rota” programada é a única, ou sequer a melhor. Ao contrário do que se pensa, os piratas raramente enterram os seus tesouros… O nosso grande objetivo é revelar o “tesouro” que cada marca esconde em si e, para isso, procuramos a melhor resposta ao briefing, questionando a própria marca e a sua estratégia, se assim acharmos necessário. Como dizemos várias vezes, “a razão pela qual nós somos piratas, é exatamente a mesma pela qual vocês não são”.
Briefing | Está prevista a expansão para outros mercados?
DF | Já fizemos alguns trabalhos além-fronteiras, nomeadamente em Angola onde estamos a criar uma marca de raiz e a lançar outra já existente. O nosso objetivo é reforçar a presença em Angola e expandir em Moçambique e Cabo Verde.
Briefing | Quais as perspetivas para 2015?
DF | As perspetivas para 2015 são muito boas. Esperamos dobrar a faturação de 2014. Estamos com várias propostas integradas em estratégias de comunicação para grandes marcas, tanto portuguesas como multinacionais. Temos preparada uma extensão no que diz respeito aos serviços que prestamos. Vamos criar um novo segmento de atuação dentro da estrutura Savvy, mas sobre isso qual ainda não podemos adiantar muito mais…