Por ocasião da comemoração dos 50 anos do Expresso, o diretor do jornal, João Vieira Pereira, respondeu a perguntas dos alunos da Escola Superior de Comunicação Social (ESCS), no NewsMuseum, 3 de maio, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Foi uma conversa sobre mudanças e desafios que as cinco décadas de existência do jornal aportaram.
Sob o mote “Expresso, 50 Anos de Liberdade”, o diretor do semanário, João Vieira Pereira, e o diretor do NewsMuseum, Rodrigo Moita de Deus, conversaram com alunos do primeiro ano da licenciatura em Relações Públicas & Comunicação Empresarial, da ESCS, numa sessão que contou com a abertura do fundador da LPM Comunicação, Luís Paixão Martins. O primeiro respondeu a perguntas da audiência sobre as mudanças no Expresso, que foi fundado ainda em censura, tendo passado depois pelo 25 de Abril e por vários desafios, entre eles o digital.
O diretor do Expresso afirma que a forma de comunicarem com os leitores “mudou completamente” e que a panóplia de maneiras que têm de o fazer é “enorme”, dando o exemplo dos podcasts, que no mês de março atingiram os dois milhões de downloads. O jornal deixou, ao longo do tempo, de ser conhecido como semanário em papel, que sai ao sábado, para não fazer a distinção entre o que vai, ou não, para o digital quando estão a fazer algum trabalho. É multiplataforma.
Outro dos temas foi as métricas de avaliação. João Vieira Pereira recorda-se que, antes das novas tecnologias, não sabiam como estava a correr o trabalho: “As métricas não definem, por si só, o nosso trabalho, mas ajudam muito na tomada de decisões, sem tirar o mérito aos jornalistas e editores. Antes, não sabíamos se tínhamos sucesso ou não”. No passado, chegaram a fazer focus group, para perceber qual seria a opinião das pessoas.
Questionado sobre se daqui a 50 anos ainda haverá jornalistas e jornalismo, é perentório: “Vai haver sempre. Estes novos modelos de linguagem não vão substituir a nossa capacidade de raciocínio, porque o que fazem é relacionar a informação de várias fontes e montar um texto, mas daí serem capazes de, eles próprios, produzirem conteúdo novo vai um grande salto”. E lembra que a capacidade dos jornalistas não passa só por observarem e contarem aquilo que observam; têm capacidade analítica, de observação e de pensamento histórico, por isso, é que “os cabelos brancos são muito importantes numa redação”. Numa redação como a do Expresso, os mais novos são “extremamente importantes” e apostam “cada vez mais” neles, mas é necessária essa memória dos mais velhos.
Sobre a liberdade de imprensa, disponibilizamos a opinião de João Vieira Pereira aqui.