Briefing | A I AM nasce em Portugal, em 2010. Como foi a entrada num mercado fragilizado pela crise
Pedro Pimentel | Olhando para trás diria que, em parte, nos define enquanto empresa. Alguns dos nossos pontos fortes mais marcantes prendem-se com termos nascido da crise: somos práticos, ágeis e espartanos, o que resulta numa competência a um preço competitivo para os nossos clientes.
É assente nestas premissas que temos crescido e que pensamos continuar a crescer nos próximos anos.
Briefing | E porquê a aposta numa empresa de soluções digitais?
PP | Diria que a nossa opção pelo desenvolvimento de aplicações e conteúdos para digital acontece pelos seguintes fatores: Os fundadores vêm da escola da publicidade. No nosso dia-a-dia fomos percebendo que a democratização da internet era uma realidade e depressa todos estaríamos ‘ligados’ 24/7, em qualquer lugar. Como todos nós somos também consumidores percebemos que o mercado da comunicação iria evoluir essencialmente por aqui; Porque, voltando à pergunta anterior, sentimos que num contexto de crise as empresas e marcas iriam fugir dos suportes tradicionais e se iriam virar para suportes mais interativos onde fosse possível medir com mais eficácia o envolvimento dos públicos-alvo e o ROI das suas ações; Finalmente, e talvez principalmente, porque não queríamos fazer apenas comunicação. As pessoas são consumidores, mas não só. Pensar em formas de envolver pessoas e resolver problemas das pessoas, empresas ou organizações através de soluções digitais é um desafio que nos move.
Briefing | A comemorar 5 anos, qual o balanço?
PP | Muito positivo. Essencialmente desde o dia 1 da I AM temos feito o que gostamos com quem gostamos, e com bons resultados. A evolução de cada uma das pessoas que faz parte da I AM tem sido evidente ao longo dos anos. Qualquer um de nós que olhe 5 anos para trás não se reconhece profissionalmente. Acho que isso é fundamental e resume bem a dinâmica do nosso percurso. Tivemos a sorte e o mérito de trabalhar grandes marcas e de acompanhar o nascimento e crescimento de outras tantas. Acreditamos que com cada uma aprendemos uma nova realidade de negócio que nos completa, por isso, venham mais 5.
Briefing | Mas o que a I AM pode oferecer de diferenciador às marcas?
PP | Apresentamo-nos como uma Software House Criativa porque é precisamente isso que somos. Falamos a linguagem dos engenheiros informáticos e a linguagem dos publicitários, e percebemos em que pontos se tocam e da importância de coabitarem para o sucesso de um projeto.
Para a I AM um projeto informático é mais do que um conjunto de requisitos, é a modelação de uma realidade que tem componentes técnicas, artísticas e políticas, e só, de um bom entendimento destes componentes, é que pode nascer um bom projeto.
Briefing | Qual a importância de ativação de marca no digital? E qual o meio mais eficaz?
PP | Tendo em conta que cada vez mais os consumidores vivem no digital, temo que seja fundamental. Relativamente ao meio mais eficaz, só há uma resposta possível: Depende. Depende do objetivo, do budget, dos públicos e da realidade de cada marca.
O que interessa é não confiar em receitas infalíveis (porque não existem) e tentar que o âmbito seja tão envolvente quanto possível, conduzindo a uma ação que se possa medir e avaliar.
Briefing | Dizem que a tecnologia deve ser menos cinzenta. Como? E como a publicidade pode ser mais tecnológica?
PP | Foi de facto uma das premissas que nos fez vir da publicidade para o digital há 5 anos. Nestes 5 anos muita coisa mudou e cada vez menos a tecnologia é cinzenta e a publicidade pouco tecnológica. Acreditamos que isto se deve também ao trabalho de muitas empresas como a I AM. Acreditamos que o mindset tecnológico acrescenta muito ao universo publicitário e vice-versa. São duas áreas que não podem estar de costas voltadas porque têm muito para crescer e melhorar juntas.
Briefing | Como foi 2014, em termos de faturação, para a I AM? Qual o mercado com mais peso no negócio da I AM?
PP | Até 2014 crescemos cerca de 10% ao ano. 2014 foi o ano de maior crescimento, com cerca de 25%. O mercado mais significativo em 2014 foi o da inovação social, em Portugal. Contudo, há planos para reforçar a aposta em inovação social fora de portas. É uma área que nos dá um prazer especial em trabalhar por sentirmos o impacto que tem na sociedade e bem comum.
Briefing | A I AM tem projetos em Angola. Para que marcas trabalham? E qual o peso deste mercado?
PP | Trabalhámos para várias marcas angolanas com notoriedade através de parcerias estratégicas em Portugal, mas atualmente estamos a fazer projetos pontuais relevantes na área do empreendedorismo tecnológico e não propriamente a trabalhar para marcas, mas para investidores.
Em 2015 o mercado angolano é já responsável por mais de 60% da nossa faturação, até à data.
Briefing | Quais os objetivos de negócio para 2015? Há novos projetos em mente?
PP | Há! Como já referi, desenvolver a área de negócio de inovação social é um objetivo da I AM. Temos já o protótipo de um produto digital que significa um fator de inovação muito relevante para organizações que têm a sua atividade baseada em voluntariado. Está já a ser utilizado diariamente por uma importante ONG em Portugal, com cerca de 500 utilizadores diários. Queremos agora evoluir este produto e levá-lo a novos mercados, uma vez que a necessidade é global a este nível.
De resto temos o objetivo de crescer pelo menos mais 25% este ano. Para tal, apostamos claramente em continuar a exportar os nossos serviços, com prioridade para cimentar parcerias estratégicas em Angola.