Dando conta dos restaurantes em que comeu desde que chegou a Portugal – primeiro no Porto, depois em Lisboa –, o chef do el Bulli, o restaurante de Barcelona que acumulou estrelas (três) e muitos títulos de “o melhor restaurante do mundo”, deixou um desafio e duas ideias: “Se quiserem montar um negócio comigo, o primeiro que abriria seria um restaurante de tempera e o segundo uma marisqueira de autor com especiarias”.
E porquê? Desde logo porque Portugal “tem o melhor marisco do mundo”. “Há igual, mas melhor não”, comentou, frisando que o país “tem produtos incríveis, únicos no mundo”. E isso – disse – é que é preciso vender aos turistas. Portugal tem de vender o que é seu, dar a conhecer a sua história, o que fez no passado.
O conhecimento do país – continuou – é fundamental para se conhecer a gastronomia desse país. E, para o chef catalão, este é um dos três pilares de uma restauração bem sucedida, a par do conhecimento da história da gastronomia – “Sabem quando abriu o primeiro restaurante ou de quando é o primeiro livro de cozinha?” – e do conhecimento empresarial. E este ponto – frisou – pode fazer a diferença entre manter portas abertas ou fechá-las.
“A equipa tem de saber quanto custa a luz, quanto custa o marketing. Não é só cozinhar”, afirmou, reforçando que o negócio da restauração é muito complexo. “Li há pouco um artigo sobre um restaurante que servia cinco pratos a 20 euros. Vai fechar em seis meses. Cinquenta por cento dos restaurantes não dura cinco anos. É um drama incrível”.
O que falta, neste contexto, é conhecer o valor da gastronomia na economia: em Espanha, um estudo realizado há quatro meses concluiu que representa 33% do Produto Interno Bruto.
Presente no evento esteve também a brand manager de Estrella Damm em Portugal, Vanessa Germano, que apresentou os objetivos do Gastronomy Congress, enquadrando-o na estratégia da marca de apoiar a gastronomia, promovendo a partilha de conhecimento.