Quando subiu ao palco para receber o prémio, Humberto Santana elogiou a iniciativa da Zon mas aproveitou para alertar para as dificuldades que o sector do audiovisual está a atravessar neste momento.
À margem da iniciativa, o produtor de “Ginjas” afirma ao Briefing que “nesta altura o Instituto de Cinema está praticamente sem funcionar, já deviam ter sido anunciados os concursos para o ano presente”. “A perspetiva é que, não havendo concursos, vai faltar trabalho não só para este ano, mas também para os anos seguintes, uma vez que uma produção leva sempre mais do que um ano”, alerta o responsável.
“O FICA devia ter funcionado de há 5 anos para cá. Revelou-se um total desastre e gorou completamente as expetativas de todos os profissionais. Nesta altura vive-se uma situação com muita falta de trabalho, muito desemprego, com muitas empresas em dificuldade e muitas a fechar por insolvência financeira”, denuncia ainda o responsável.
No caso da Animanostra, o profissional revela que este prémio vem “dar algum oxigénio financeiro” à atual situação da produtora que tem “dois projetos pendurados precisamente por falta de financiamento do FICA, um deles é uma adaptação da Menina do Mar e outro é uma série juvenil da autoria de André Carrilho”.
Em comentário às declarações do ministro dos Assuntos Parlamentares que afirmou que “é preciso apostar nas novas gerações”, Humberto Santana diz que “é absolutamente verdade que esta geração atual é a mais promissora de todas e é aquela que está mais habilitada a fazer obras de qualidade”. “Existe gente muito talentosa que está perfeitamente apta a fazer obras de qualidade, no entanto, o certo é que não foi ainda equacionado politicamente que solução é que se dá para essas pessoas. A criação de um mercado não só interno e a criação de reformas estruturais que permitam que a produção portuguesa, artistas e técnicos possam internacionalizar-se ee estabelecer parcerias”, são algumas das soluções apontadas por este profissional.
“É preciso que haja qualquer coisa de sólido no nosso país em termos de financiamento e em termos de aposta da parte das entidades, sejam televisões, sejam institutos… Isso tem de ser bastante sólido e bastante claro e é necessário que esse passo seja dado politicamente para que as novas gerações tenham, de facto, oportunidade de trabalhar naquilo que elas têm de melhor”, conclui Humberto confessando não ter confiança na resposta que tarda em chegar. “Tenho esperança, confiança não tenho. É essa a esperança que me tem alimentado ao longo de 20 anos de profissão”.
Filipe Santa-Bárbara
Fonte: Briefing