O “Relatório de Avaliação do impacto da pandemia de Covid-19 sobre o sector da comunicação social em Portugal”, realizado com base num inquérito a “entidades representativas do sector registadas na Plataforma Digital da Transparência e a prestadores de televisão por subscrição”, entre os dias 24 de abril e 6 de maio, apurou que 60% dos operadores de televisão comercial registaram decréscimos das receitas globais entre 41 e 60%. Observa-se também que esta crise foi especialmente profunda para os media locais e regionais, considerando tratar-se de estruturas mais pequenas e com menos recursos: 27% dos detentores de imprensa local e regional e 44% dos operadores de rádio local comunicaram perdas de receitas entre 61 e 80%.
No que se refere à imprensa, tanto nacional como local e regional, um quarto dos inquiridos indicou quebras na venda de exemplares entre 1 e 20%. Algumas empresas tiveram, porém, fontes de receitas preocupantemente afetadas com quebras homólogas na ordem dos 100%, incluindo as vendas de exemplares. Um conjunto de 29% de editores de imprensa regional e local referiu ter suspendido a edição impressa, 6% dos quais sem alternativa online.
Se as alterações de periodicidade de jornais e revistas em papel foram residuais, o mesmo não sucedeu com a diminuição do número de páginas, indicada por 71% dos editores nacionais e 60% dos editores locais e regionais. As perturbações na distribuição foram “muito significativas”.
As estratégias editoriais concentraram-se no online. A totalidade dos detentores de imprensa nacional registou um aumento de audiências nos seus websites, verificando-se o mesmo em 62% dos editores locais e regionais. Entre os títulos locais e regionais exclusivamente online, três quintos observaram um crescimento de audiências.
Com quebra nas receitas, 21,3% aderiram ao programa de lay-off simplificado, tanto na modalidade de suspensão do contrato de trabalho como de redução do horário de trabalho, que afetou 490 trabalhadores nas suas organizações. Os detentores de imprensa local e regional foram os que mais declararam o recurso ao lay-off simplificado (26,1%).
A ERC constatou também que todos os inquiridos adotaram medidas de adequação da redação aos efeitos da pandemia, que passaram essencialmente pelo teletrabalho, rotatividade de equipas e, com menor expressão, parcerias com outras entidades de comunicação social. 26,6% dos inquiridos reduziram os dias e horário de trabalho dos seus trabalhadores e 81,3% colocaram-nos em teletrabalho.
“A ERC entende que o quadro que se traça a partir das respostas ao questionário gera preocupações quanto à independência dos meios de comunicação social e à garantia do pluralismo e diversidade”. A ERC entende que “as consequências desta crise dentro da crise no funcionamento das organizações de media perdurarão por muito tempo, forçando decisões estratégicas e reorganizações”.