Quando se pensava que o país dos artesãos já tinha desaparecido, começam agora a surgir várias marcas que aliam o Portugal das tradições ao design moderno, recuperando artes tão antigas como a marcenaria, a azulejaria, a ourivesaria, a tapeçaria e a tecelagem. São marcas que fazem história com a riqueza que a própria história tem para dar e que inspiram a cultura portuguesa. Marcas portuguesas com o foco na internacionalização que trazem valor acrescentado à nossa história e são capazes de dar a conhecer ao mundo toda a nossa herança.
Um desses bons exemplos é a marca portuguesa Boca do Lobo: várias são as artes que a marca procura recuperar, cada peça traz em si um saber e uma vivência muito próprios. São peças que surpreendem pela originalidade e pela capacidade de pensar mais além. Prova disso é o cofre Millionaire, todo feito em ouro que conseguiu dar a conhecer o esplendor da ourivesaria portuguesa; a azulejaria também foi elevada e levada além-fronteiras com uma das últimas edições da marca, o aparador Heritage, composto por azulejos pintados à mão. Formas distintas de apresentar ao mundo as artes que Portugal guarda em si, transportando no mobiliário vivências e lugares bem portugueses. A tradição portuguesa virou assim tendência mundial pelas mãos da Boca do Lobo, com peças sumptuosas que hoje em dia decoram palácios, casas e hotéis pelo mundo fora.
Com linhas mais suaves e direitas, a Wewood é outro grande exemplo. A assinatura “portuguese joinery” mostra isso mesmo, a marca pretende reabilitar e dar visibilidade à marcenaria portuguesa, aliando o trabalho de conceituados designers, arquitectos e jovens talentos portugueses com a sabedoria e experiência dos marceneiros. Portugal sempre teve muito mérito no trabalho da madeira, a Wewood recupera esse talento para criar peças únicas assinadas por jovens nomes do design nacional.
A arte da tapeçaria também não podia ficar esquecida ou não fosse Portugal muito dotado na área da tecelagem. Com uma grande tradição na produção de tapetes, a Tapeçarias Ferreira de Sá é mais uma prova de que é possível usar a tradição para servir a inovação. Os tapetes são todos feitos por medida, o que lhe confere um perfil único e muito próprio. Hand-knotted, hand-woven, hand tufted, 3D tufted são algumas das técnicas que esta marca recupera da tradição. O resultado? Peças únicas, 100 por cento nacionais, com assinatura dos mais variados nomes portugueses como Siza Vieira e Fátima Lopes.
A tradição já não é o que era, é um facto. E com certeza muitas das nossas marcas não seriam o que são se não olhassem para a tradição com o respeito que ela merece e com vontade de transformar e inovar. São estas marcas que fazem com que a tradição seja uma tendência e não deixam a cultura nacional morrer. São marcas que recuperam um Portugal esquecido para mostrar ao mundo todo o nosso esplendor. E mais, não se tratam apenas de peças de design que podemos apreciar. São peças que premeiam o talento português e fomentam a economia nacional ao criar postos de trabalho num mercado que parecia estar já esquecido e fazer parte de um Portugal obsoleto e distante.
Recuperar o passado é sem dúvida uma arte. A arte do saber, do fazer e do acreditar.
*Artigo escrito ao abrigo do antigo acordo ortográfico
Fonte. PortugalBrands